O mercado acionário iniciou o mês de maio em baixa. Com mais um dia de realizações, o Ibovespa recuou 2,02%, aos 78.876 pontos. No mercado de câmbio, o dólar voltou a fechar cotado acima de R$ 5,50.

Ainda assim, o Ministério da Economia informou ontem que o país registrou um superávit comercial de US$ 6,7 bilhões no mês passado. Foi o segundo maior saldo da história para o mês de abril. Com o câmbio desvalorizado e a recuperação da demanda na Ásia, as exportações sofreram menos que as importações, que tiveram forte queda devido à paralisação das atividades em meio à crise sanitária.

Um dos destaques foi a Petrobras, que exportou um milhão de barris por dia em abril, quebrando o recorde anterior de 770 mil barris. A China foi o principal destino das vendas internacionais da estatal.

Confira abaixo os comentários do nosso estrategista Jorge Sá:

 

Orçamento de Guerra e pesquisa na indústria

A Câmara dos Deputados aprovou ontem em primeiro turno o Orçamento de Guerra. O projeto dará suporte a despesas do governo federal durante a calamidade publica e concede novos poderes ao Banco Central para atuar durante a crise.  

Agora de manhã, o IBGE apresenta os números da Pesquisa Industrial Mensal relativos ao mês de março. O levantamento não deve mostrar ainda o impacto integral do coronavírus no setor. A quarentena em São Paulo, por exemplo, só passou a ser obrigatória no fim de março. Ainda assim, a equipe de Macroeconomia do Safra espera um recuo de 1,9% na comparação com fevereiro.

Projeções de juros, inflação e contas públicas

Amanhã o Banco Central irá anunciar sua decisão de política monetária. A instituição indicava que iria acelerar o ritmo de cortes na Selic, mas ruídos políticos colocaram novas incertezas no cenário e o mercado deverá acompanhar com atenção sinalizações sobre os próximos passos da autoridade monetária. A expectativa do nosso time de Macroeconomia, em linha com o mercado, é que a Selic seja reduzida dos atuais 3,75% para 3,25% ao ano.

Aqui no Safra, seguimos atualizando nossas projeções conforme novas informações se tornam disponíveis. Mudanças mais frequentes em nossas estimativas fazem parte do momento dinâmico e incerto pelo qual passamos, e servem para fundamentar nossas recomendações a partir das previsões mais precisas possíveis.

Desse modo, após a divulgação da prévia da inflação na semana passada, o time de Macroeconomia do Safra reduziu novamente sua projeção para o avanço dos preços em 2020. Nossos especialistas acreditam agora que o IPCA terá alta de apenas 1,7% no ano, número ainda mais distante do piso da meta do Banco Central.

Outra estimativa importante calculada pela nossa equipe é o resultado primário do setor público. Com o aumento de gastos e a queda nas receitas por conta da pandemia, o Safra projeta agora um déficit de R$ 600 bilhões no ano, o que equivale a 8,5% do PIB.

Nesse cenário, a dívida pública deve subir a 88% do PIB. Nossos especialistas destacam que, para reverter essa trajetória de alta, será preciso, além da recuperação econômica, que o país também avance na agenda de reformas para flexibilizar as despesas obrigatórias.