O Ibovespa encerrou os negócios ontem com ganho de 2%, caminhando para fechar o terceiro mês consecutivo em alta. O movimento positivo na segunda-feira foi apoiado pelas firmes altas nas bolsas americanas, com destaque para índice de blue chips Dow Jones.

Veja abaixo os comentários do nosso estrategista Jorge Sá:

Ontem, os números liberados pelo Ministério da Economia sobre o mercado de trabalho surpreenderam positivamente. Segundo os dados do Caged, o país registrou perda líquida de quase 332 mil vagas com carteira assinada em maio, resultado melhor do que o registrado em abril. Com isso, os meses de março, abril e maio, afetados pela pandemia, totalizaram uma redução de um milhão e meio de postos formais.

De acordo com a pasta, os números mostram que, com o programa de manutenção do emprego, que deverá ser prorrogado, uma explosão nas demissões vem sendo evitada, e que o desafio no momento está no menor ritmo de contratações.

Déficit fiscal

No campo fiscal, como era previsto, o Tesouro mostrou que o déficit do governo central disparou em maio. O rombo nas contas públicas foi de quase R$ 127 bilhões, o pior resultado mensal de toda a série histórica, iniciada em 1997. A título de comparação, o déficit de todo o ano de 2019 foi menor, de R$ 95 bilhões.

O resultado foi provocado pela combinação de uma queda da ordem de 40% nas arrecadações, com uma alta de quase 70% nas despesas. No acumulado do ano, o resultado primário está negativo em mais de R$ 222 bilhões.

Em nota, os técnicos do Tesouro se posicionaram em relação a uma eventual permanência de programas assistenciais que hoje são temporários, afirmando que não há espaço no orçamento para novas despesas obrigatórias no Brasil sem que haja um forte aumento da carga tributária.

A previsão hoje do Tesouro é que o buraco nas contas do setor público consolidado chegue a R$ 709 bilhões em 2020, o equivalente a praticamente 10% do PIB. Mas, segundo o secretário Mansueto Almeida, a extensão do auxílio emergencial em discussão no governo deverá elevar o déficit primário a cerca de R$ 850 bilhões.

Tensões geopolíticas

No noticiário internacional, estão no radar tensões geopolíticas envolvendo os Estados Unidos e seus adversários. Ontem, o governo da China anunciou restrições de visto a americanos com conduta ofensiva em temas relacionados a Hong Kong, uma retaliação a sanções impostas pela Casa Branca na semana passada.

Já o Irã emitiu um mandado de prisão para o presidente americano, Donald Trump, pela morte de um general no começo do ano, recolocando em cena as tensões envolvendo os dois países.

Live Safra

Hoje, em nossa primeira live da semana, iremos falar sobre como a pandemia pode transformar os hábitos de alimentação fora de casa, e mostrar as oportunidades no segmento de casual dining, que se posiciona entre as redes de fast food e os restaurantes gastronômicos.

Acompanhe em tempo real, a partir das três da tarde, nossa conversa com Diego Barreto, diretor do iFood, maior aplicativo de delivery do Brasil, e Jean Paul Maroun, diretor da startup Mimic. Para acompanhar a live, clique aqui. E para saber quando e com quais especialistas vamos conversar nesta semana, confira a agenda de lives do Safra.

Recessão

Ontem, o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da FGV informou que um pico no ciclo de negócios brasileiro foi atingido no quarto trimestre de 2019, o que indica que o país entrou em recessão no primeiro trimestre deste ano.

Em geral, uma recessão técnica é caracterizada quando o PIB de um país cai por dois trimestres consecutivos. No entanto, o conceito usado pelo comitê considera a alternância entre datas de picos e vales no nível da atividade econômica.