Ontem o Ibovespa avançou pelo terceiro pregão seguido e fechou acima dos 90 mil pontos pela primeira vez desde o começo de março. Praças na Ásia e na Europa também tiveram firme alta, influenciadas pela maior confiança em relação à retomada das atividades, que vem acontecendo de maneira mais rápida do que se esperava há algumas semanas.

O mercado cambial também refletiu o movimento positivo e o real teve novamente o melhor desempenho entre as principais moedas do mundo contra o dólar, seguido do peso colombiano.

Veja os comentários de nosso estrategista Jorge Sá:

Continuamos acompanhando o movimento gradual de reabertura dos negócios aqui em São Paulo. A prefeitura informou que setores da economia já enviaram centenas de propostas para voltarem a funcionar em segurança, e que dezenas de protocolos já estão em análise. A expectativa é que as liberações sejam concedidas ainda na primeira metade de junho.

A Associação Comercial de São Paulo, por exemplo, entregou ao governo municipal um plano com oito diretrizes. Fazem parte das recomendações evitar a abertura dos estabelecimentos em horários de pico, o uso obrigatório de máscaras por todos os funcionários e clientes, bem como o distanciamento mínimo de 1,50m entre as pessoas.

Já o Judiciário definiu uma data para voltar a funcionar presencialmente. O ministro Dias Toffoli, presidente do STF e do CNJ, autorizou a reocupação dos tribunais a partir do dia 15.

Produção de petróleo

No noticiário econômico, a Agência Nacional do Petróleo informou ontem que a produção da commodity no país continuou próxima a três milhões de barris por dia em abril. O setor tem mantido o bom desempenho apesar da crise sanitária, sustentado pela retomada da demanda chinesa, que vem puxando as exportações.

Os dados da ANP também apontaram que, mesmo com a hibernação de 62 plataformas em águas rasas, a Petrobras respondeu por 73% da produção brasileira.

Indústria

Hoje pela manhã, o IBGE irá divulgar o desempenho da indústria brasileira em abril. Na última pesquisa, o setor apresentou queda de 9,1%, mesmo ainda sem refletir completamente os efeitos da pandemia no Brasil.

Como durante o mês de abril as medidas de isolamento já estavam em pleno vigor nas maiores cidades do país, nossa equipe de Macroeconomia estima que a produção tenha registrado forte recuo de 36% no período.

Também seguimos monitorando dados que ajudem a antecipar a situação da economia já em maio. Um dos números que compõem esse quadro é o de vendas de veículos. Segundo a federação de concessionárias, as vendas no mês passado tiveram uma recuperação de 12% em relação a abril, um sinal positivo. Ainda assim, o cenário é de cautela, já que, na comparação com maio de 2019, o total de emplacamentos encolheu 72%.

E outra importante estatística do setor automotivo será divulgada amanhã. Após mostrar que as fábricas ficaram quase totalmente paradas em abril, a associação de montadoras abre nesta quinta-feira os dados de produção de veículos em maio.