O tom de cautela que havíamos visto antes das decisões sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil deu lugar a um dia de bons ganhos ontem. O Ibovespa, por exemplo, fechou em alta de 2,2%, aos 116.549 pontos. Já o dólar comercial encerrou em baixa de 0,61%, cotado a R$ 5,59.

Sinalização do BC americano

Esse movimento ganhou força logo após a decisão de política monetária nos Estados Unidos, durante a tarde. O Federal Reserve, o banco central americano, manteve os juros no intervalo de 0% a 0,25% ao ano, como era esperado.

Mas, ao atualizar seu cenário econômico, mostrou um olhar mais otimista com os próximos meses. A projeção de crescimento do PIB para este ano subiu de 4,2% para 6,5%.

A principal incerteza no mercado era se essa economia mais forte se traduziria em aumento nos preços, levando a uma taxa de juros também mais elevada.

O banco central americano reconheceu que a inflação deve superar a meta para este ano, mas reafirmou que esse é um movimento temporário, e que os juros devem continuar neste patamar historicamente baixo até 2023.

Com essa sinalização, os índices S&P 500 e Dow Jones chegaram a renovar seus recordes de pontuação durante o dia, apesar de fecharem com uma alta menos expressivas que o Ibovespa.

Copom surpreende com alta da Selic

No Brasil, já com os mercados fechados, foi a vez do Copom divulgar sua decisão sobre os juros.

Com um aumento da taxa Selic de 2% para 2,75% ao ano, o comunicado surpreendeu as nossas estimativas e as do mercado, ambas com projeções de avanço para 2,50%.

O Copom ainda indicou que na próxima reunião, em maio, se não houver mudanças significativas nas projeções de inflação ou no balanço de riscos, deve haver um novo aumento da mesma magnitude, ou seja, para 3,50% ao ano.

A decisão reflete a nossa preocupação de que a deterioração das previsões inflacionárias para 2021 contaminasse as expectativas para 2022. Assim, o Banco Central busca ancorar as expectativas para horizontes mais longos.

Com essas novas informações, ajustamos o nosso calendário de alta nos juros. Além do 0,75 ponto percentual em maio, projetamos mais uma alta de 0,5 ponto percentual em junho e mais duas altas de 0,25 ponto percentual em agosto e setembro.

Com isso, seguimos com a visão de Selic a 4,5% neste ano. Isso faria com que o juro real, hoje em nível negativo, caminhasse para um patamar próximo a zero.

A atuação mais forte do Copom, com o objetivo de controlar a inflação, também deve ser bem recebida no mercado acionário.