A Bolsa brasileira alcançou uma forte recuperação ontem, com a maior alta desde maio de 2020, após a aprovação da PEC dos Precatórios em dois turnos no Senado.

O texto libera no Orçamento de 2022 um espaço estimado em mais de R$ 100 bilhões, o que abre caminho para o benefício de R$ 400 do programa Auxílio Brasil. Para isso, a proposta muda a fórmula de cálculo do teto de gastos, e cria um subteto para o pagamento das dívidas judiciais dos entes federativos.

Entre as alterações feitas pelos senadores ontem está a redução do prazo de vigência do subteto para os precatórios, de 2036 para 2026.

A reação positiva do mercado está associada à leitura de que a PEC aprovada é uma espécie de mal menor para as contas públicas, em relação a outras opções para aumentar os gastos do governo.

Mas o tema continuará no radar dos investidores. Como houve mudanças na PEC, ela precisa agora ser analisada novamente pelos deputados, fazendo com que a promulgação já neste ano de 2021 seja um desafio, uma vez que o recesso parlamentar está previsto para começar no dia 23.

Nos Estados Unidos, os índices de ações também se recuperaram. Entre os destaques por lá esteve o aumento mais contido do que o esperado dos novos pedidos semanais de seguro-desemprego.

O desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre veio ligeiramente abaixo da estimativa do Safra. O PIB encolheu 0,1% na comparação com o segundo trimestre. Além disso, o resultado anterior foi revisado para baixo pelo IBGE, que passou a medir uma queda de 0,4%.

Entre julho e setembro, o PIB foi pressionado principalmente pelo recuo de 8% na agropecuária. Isso se explica pelo encerramento da safra de soja, mais concentrada na primeira metade do ano, o que também teve impacto sobre as exportações.

O setor ainda sofreu com eventos climáticos que trouxeram perdas em diversas lavouras, como café, algodão, milho e cana-de-açúcar.

Já sob a ótica da demanda, o destaque foi o recuo do investimento, quando o nosso cenário-base previa leve alta.

Olhando para os próximos meses, a combinação de inflação, aumento de juros e incerteza fiscal deve manter a atividade em ritmo modesto. Com isso, a projeção do Safra para o PIB de 2021, hoje em 4,8%, foi colocada em revisão, com viés de baixa.

E na agenda de hoje, o IBGE irá anunciar o resultado da indústria brasileira em outubro, enquanto, no exterior, o foco recai sobre o relatório oficial de emprego dos Estados Unidos.