Ontem tivemos uma reação positiva dos mercados financeiros ao anúncio de Donald Trump, que ampliou o período de isolamento social nos Estados Unidos para até 30 de abril.

Em um primeiro momento, a notícia causou uma reação negativa nos mercados internacionais, já que significa um período maior de paralisação na economia.

Mas, ao longo do dia, os investidores reavaliaram o anúncio. Isso porque vem crescendo a percepção de que a quarentena é o remédio mais eficaz para retomar as atividades da economia.

Essa é a conclusão, por exemplo, de um estudo escrito por dois membros do banco central americano e um economista do MIT, publicado recentemente. O relatório comparou dados da gripe espanhola de 1918, e encontrou indícios de que as cidades que tiveram intervenções mais cedo, e com medidas mais agressivas, conseguiram diminuir a taxa de mortalidade e mitigar os impactos econômicos.

Estudo anterior, divulgado pelo Imperial College, da Inglaterra, também apontou a eficácia das quarentenas, com avaliações sobre mais de cem países, inclusive o Brasil. Essa pesquisa havia feito o primeiro-ministro do Reino Unido mudar as políticas de isolamento.

Nesta manhã, as bolsas europeias operam em alta, e os futuros de índice nos EUA registram ganhos, reagindo à divulgação de indicadores chineses que apontam começo da recuperação do pais já em março.

Projeção para o Ibovespa
Temos um novo cenário para a Bolsa. Os analistas de nossa Corretora integraram em seus modelos o cenário de recessão na economia e seus impactos nos lucros das empresas. Com isso, a expectativa para o Ibovespa, que era de 140 mil pontos, passou para 97 mil pontos.

Essa é a pontuação que tínhamos no início de março. Hoje, o Ibovespa está próximo dos 75 mil pontos.

Isso significa que os investidores de Bolsa não conseguirão retornar aos mesmos níveis de preços do início do ano. Nossos analistas lembram, no entanto, que apesar da crise ser muito forte, ela é temporária.

A maior parte das empresas, especialmente as grandes, que formam a maior parte das ações negociadas na Bolsa, conseguirão se recuperar no futuro, como mostra a história de crises passadas.

Na crise de 2008, por exemplo, a Bolsa demorou cerca de um ano para voltar a ser negociada nos preços que eram vistos antes.

A maior dificuldade, no momento, está em estimar os próximos passos dessa crise, uma vez que ainda há pouca clareza em por quanto tempo as medidas de isolamento social continuarão em vigor.

Convictos dessa recuperação que virá em algum momento, ao olhar para um horizonte de tempo um pouco maior, a expectativa também é positiva. Para os especialistas da nossa corretora, não podemos subestimar os esforços dos governos em mitigar os impactos da pandemia na economia.

Segundo levantamento do nosso time de Macroeconomia, as medidas anunciadas até o final da semana passada já superam os R$ 415 bilhões. Nos Estados Unidos, o último pacote econômico que foi aprovado é de mais de US$ 2 trilhões, no maior programa de estímulos da história. E já se discute no Congresso americano a possibilidade de um pacote adicional. Acreditamos que esse assunto deve avançar no decorrer de abril.