Tivemos ontem um dia de recuperação para os ativos internacionais. Nos Estados Unidos, o S&P 500 encerrou os negócios em alta de quase 2%, impulsionado pelas declarações do presidente do banco central americano.

Jerome Powell reduziu a apreensão dos investidores em relação a aumentos de juros mais agressivos, mostrando apoio a uma elevação de apenas 0,25 ponto percentual na reunião que ocorrerá na metade deste mês.

Além disso, segundo Powell, é provável que a normalização da política monetária gere o que o mercado chama de soft landing, ou seja, um pouso suave da atividade econômica no país.

Sobre a redução do balanço de ativos do Fed, Powell indicou que esse processo será realizado de modo gradual ao longo dos próximos anos. Ele também sinalizou que a instituição estará atenta às implicações do conflito na Ucrânia, avaliando que as incertezas permanecem elevadas nessa frente.

Como temos comentado nos últimos dias, uma das principais consequências que já podemos observar é o encarecimento das commodities, com especial preocupação para o aumento do preço do petróleo, mesmo que as exportações russas ainda não tenham sido alvo de sanções específicas.

Ontem, embora a Opep tenha confirmado um novo aumento de 400 mil barris por dia na produção, o Brent operou acima dos US$ 110 dólares pela primeira vez desde 2014.

Na frente de indicadores econômicos, o mercado de trabalho dos Estados Unidos apresentou um desempenho mais forte do que o esperado.

O setor privado gerou 475 mil empregos no mês passado, segundo o relatório da ADP, que também revisou o resultado de janeiro bastante para cima.

Já na Zona do Euro, a prévia da inflação voltou a surpreender negativamente. A variação anual, que já vinha de níveis recordes, atingiu 5,8% em fevereiro, afastando-se ainda mais da meta de 2% do banco central da região.

Aqui no Brasil, acompanhamos ontem a publicação do Relatório Focus. O principal movimento foi a inflação esperada para 2022, que subiu para exatos 5,6%.

Sobre esse tema, vale destacar que o cenário-base do Safra para o IPCA deste ano passou de 4,7% para 5,2%. O principal motivo é a forte elevação nos preços das commodities, em especial de petróleo e grãos, que ofusca a melhora da geração de energia no país. O teto da meta do Banco Central é de 5% neste ano.