Os mercados financeiros de todo o mundo apresentaram um dia de fortes ganhos ontem. Nos Estados Unidos, por exemplo, as valorizações superaram os 7%. Por aqui, o Ibovespa encerrou os negócios em forte alta de 6,5%, aos 74 mil pontos.

A desaceleração no número de novos infectados pelo coronavírus na Europa e nos Estados Unidos animou os investidores, já que, quanto mais rápido o avanço da doença for controlado, mais cedo as economias podem se recuperar do atual estado de paralisia.

Veja abaixo o Morning Call desta terça-feira:

Nosso estrategista Jorge Sá destaca que a análise dos dados relacionados ao coronavírus deve ser separada em dois lados. O primeiro é o número total de doentes e de mortos. Hoje, os infectados já somam mais de 1,3 milhão no mundo. A previsão de diversas autoridades é que esse número ainda vai piorar muito nos próximos dias, pois ainda não chegamos no pico da transmissão.

O segundo dado é a taxa de crescimento no número de infectados. Esse é o número que está desacelerando na Europa, principalmente na Espanha e na Itália, indicando que a situação está parando de piorar, o que já é uma boa notícia no momento.

No Brasil, foi estendida a quarentena no Estado de São Paulo, que terminaria hoje. As medidas de restrição ficam em vigor, a princípio, até o dia 22 de abril – mas não estão descartadas novas extensões.

Nesta manhã, os mercados internacionais registram ganhos. Nos Estados Unidos, os futuros de índices de ações sobem mais de 3%, enquanto na Europa as bolsas avançam em torno de 3%.

Corte de juros

Temos acompanhado uma discussão entre especialistas do mercado financeiro se há espaço para um corte adicional na taxa de juros pelo Banco Central. Isso tem ocorrido desde que o BC demonstrou, na ata de sua última reunião de política monetária, a preocupação de que uma nova queda na taxa Selic poderia piorar as condições financeiras do país.

Para o nosso time de Macroeconomia, essa piora está mais concentrada em fatores vindos do cenário externo: o risco-Brasil apresenta comportamento semelhante ao de outros emergentes. Além disso, os dados têm mostrado uma recente melhora nas condições financeiras.

Somado a isso, esperamos uma queda significativa de 2,8% no PIB em 2020, com uma inflação ligeiramente acima dos 2%, o que é um patamar historicamente muito baixo. Para o nosso time de Macroeconomia, esse cenário todo leva a crer que teremos um novo corte de meio ponto porcentual da taxa Selic na reunião de maio, encerrando o ciclo de cortes de juros a 3,25%.