Com mais um dia de ganhos, os mercados financeiros engatam uma série de três altas consecutivas. Nesse período, tanto o índice Dow Jones, nos Estados Unidos, quanto o Ibovespa, no Brasil, acumularam ganhos acima de 20%, uma espécie de alento em meio às perdas acumuladas nesse mês.

Esse movimento vem como reação a uma série de anúncios de estímulos sem precedentes ao redor do mundo. Como comentamos em edições anteriores, destaque para o pacote de US$ 2 trilhões nos Estados Unidos e de € 750 bilhões na Alemanha, ambos em fase final de aprovação.

Confira a explicação completa abaixo:

Novos estímulos no mundo e no Brasil

Ontem o G20, grupo que reúne líderes das maiores economias do mundo, também reforçou que fará o que for necessário para superar a pandemia do coronavírus e declarou que as nações estão investindo US$ 5 trilhões na economia global.

O Banco Central Europeu também contribuiu para o sentimento positivo. Ontem, a instituição anunciou um aumento no escopo do programa de compra de ativos, permitindo agora a compra de títulos mais arriscados. Embora não tenha alterado o valor total do programa, é uma medida importante para ajudar as empresas mais endividadas.

Aqui no Brasil, tivemos anúncios importantes do Banco Central para injetar mais liquidez e facilitar o crédito, bem como iniciativas do BNDES e planos de ajuda do governo a Estados e municípios.

E ontem à noite, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que destina R$ 600 ao mês, por pelo menos três meses, a toda pessoa que comprovar não ter renda. Mães que comandam sozinhas famílias podem receber duas cotas, totalizando R$ 1.200. Ainda será preciso passar pela aprovação do Senado, mas essa constitui a primeira medida de injeção de renda aos trabalhadores informais e aos desempregados, como os outros países vêm anunciando.

As medidas anunciadas em âmbito global são muito relevantes, superando, muitas vezes, até mesmo as iniciativas adotadas na crise de 2008. Os estímulos se tornam ainda mais importantes à medida que os dados econômicos vão sendo anunciados e desenham uma economia global muito mais fraca.

Ontem, por exemplo, foi divulgado que os novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos saltou para mais de 3 milhões, quando até então o normal era algo abaixo dos 300 mil. Este número é cinco vezes maior do que o redorde anterior.

A Agência Internacional de Energia também fez um alerta importante: ela espera para esse ano a primeira contração na demanda por petróleo no mundo desde 2009. Isso acontece pela retração no consumo chinês e pelas interrupções nas viagens e no comércio global. Segundo declarações de diretores da agência, a quarentena ao redor do mundo pode significar uma queda de até 20% na demanda global durante esse período.

Os mercados seguem em uma gangorra entre notícias negativas em relação ao coronavírus e seus impactos, e notícias positivas sobre medidas extraordinárias de governos para apoiar a economia. Por isso, é importante seguir com atenção o noticiário.

Novas projeções

Os novos números de nosso time de Macroeconomia foram divulgados. Agora, a expectativa é por uma forte queda de 2,8% do PIB neste ano. A projeção anterior era de uma queda de 0,3%. Com essa atividade mais fraca, também reduzimos a projeção para a inflação, agora passando de 2,5% para 2,2%.

Nosso cenário prevê uma forte recuperação da economia a partir do terceiro trimestre, mas insuficiente para recuperar o desempenho negativo que devemos observar neste segundo trimestre. A boa notícia fica para a projeção de 2021. A previsão é por um crescimento de 2,4% e com viés de alta, uma vez que esperamos que a crise seja muito concentrada neste ano.

Entrevista sobre coronavírus

Ontem, tivemos mais uma transmissão especial sobre o coronavírus. Conversamos com o médico Sidney Klajner, presidente do Hopistal Albert Einstein, sobre as medidas de quarentena, projeções sobre o pico da doença no Brasil, pesquisas sobre medicamentos, a estrutura do sistema de saúde e muito mais. Você pode conferir a entrevista completa aqui.