O ingresso de recursos estrangeiros novamente deu força ao real e ao Ibovespa, mas a reação dos investidores à crise da Ucrânia continua a repercutir em outros mercados.

No de petróleo, por exemplo, a cotação do barril de Brent, que serve de referência global, chegou ontem bem perto dos US$ 100, nível que não é alcançado desde 2014. O movimento de alta da commodity está associado à preocupação com a oferta, caso o mercado não possa contar com as exportações da Rússia.

Isso gera apreensão nos investidores, já que a persistência do petróleo em níveis elevados pode trazer impactos para a inflação dos países.

Com isso, cresce também a cautela com a eventual necessidade de apertos monetários mais fortes. Não custa lembrar que é justamente a perspectiva de aumentos de juros do Fed o que mais tem afetado o mercado americano neste ano.

Nesse ambiente, as bolsas dos Estados Unidos voltaram ontem do feriado em baixa. O destaque foi a Home Depot, que sofreu forte recuo após apresentar seu balanço trimestral.

A rede de materiais de construção foi uma das principais beneficiadas pelas mudanças de comportamento dos consumidores durante a pandemia, mas o mercado se mostrou receoso com a pressão dos gargalos logísticos sobre as margens da empresa.

Como esperado, a Rússia passou a enfrentar medidas de retaliação após reconhecer a independência de duas regiões na Ucrânia.

A Alemanha, por exemplo, interrompeu a certificação do gasoduto Nord Stream 2, um dos principais projetos de infraestrutura do continente, que transportaria gás natural da Rússia diretamente para o país.

Na agenda de hoje, além da situação no leste europeu, os investidores monitoram a prévia da inflação em fevereiro no Brasil. A previsão do Safra é que o IPCA-15 acelere para 0,81%, puxado pelas categorias de educação e combustíveis.

O Banco Central, por sua vez, divulga as estatísticas do setor externo em janeiro, enquanto o Senado pode iniciar a apreciação dos projetos para diminuir os preços dos combustíveis.

Já no calendário corporativo, o destaque é o resultado financeiro da Petrobras, que será conhecido após o encerramento do pregão. A estimativa do Safra é que o lucro líquido no último trimestre do ano passado tenha sido de mais de R$ 25 bilhões.