A terça-feira, 25, foi marcada por fortes ganhos nos mercados financeiros em todo o mundo. Aqui no Brasil, o Ibovespa subiu 9,7%, aos 69.729 pontos. O pano de fundo para isso foi o aumento da possibilidade de uma injeção de mais de US$ 2 trilhões na economia dos Estados Unidos.

Republicanos e Democratas já chegaram a um acordo preliminar sobre o pacote, que será o maior programa de estímulo da história. Antes mesmo disso, os sinais de que uma negociação seria encaminhada fizeram as bolsas americanas fecharem ontem praticamente em suas máximas diárias. O índice Dow Jones fechou com a maior alta desde 1933 (+11,4%), enquanto o S&P 500 teve o maior ganho desde outubro de 2008 (+9,4%).

Também influenciou nesse movimento o discurso do presidente Donald Trump, que disse que gostaria de ver a economia americana reaberta já na Páscoa. Nem mesmo os comentários da OMS de que os Estados Unidos podem vir a ser o novo epicentro da epidemia, devido ao grande aumento visto recentemente no número de infecções, foram capazes de tirar o otimismo do mercado.

Confira a explicação completa no vídeo abaixo:

 

Volatilidade deve permanecer

Apesar do pacote de estímulos anunciado nos EUA, o mercado deve continuar volátil, numa gangorra entre estímulos, sejam fiscais ou monetários, e relatos de novos casos e seus impactos sobre a economia.

Ontem, por exemplo, apesar da alta do mercado, tivemos alguns sinais de alerta para a economia mundial. Foram divulgados dados de atividade, especialmente no setor de serviços, muito mais fracos que o previsto na Zona do Euro, no Japão e na Austrália.

Também estamos acompanhando com atenção possíveis sinais de alta no desemprego. No Canadá, quase um milhão de pessoas deram entrada nos pedidos de auxílio-desemprego na semana passada. Isso representa quase 5% da força de trabalho canadense e é o pior número desde 1957. É um número alarmante, e dá uma dimensão do que é a crise atual.

Nos Estados Unidos, esses números serão conhecidos na quinta-feira, e nós, assim como todo o mercado, vamos acompanhar com muita atenção.

No Brasil, as vendas no varejo em janeiro, divulgadas ontem pelo IBGE, vieram muito mais fracas do que o nosso time de Macroeconomia projetava. Isso significa que a desaceleração da economia já vinha acontecendo antes mesmo dos impactos do coronavírus.

Queda relevante, recuperação rápida

A ideia de uma recessão global parece mais próxima. No entanto, é preciso entender que essa recessão será diferente das outras. Ela não é uma crise financeira, como vimos em 2008. A crise atual é sanitária – os principais fatos sobre a epidemia de coronavírus foram abordados ontem em bate-papo com o Dr. Claudio Lottenberg, do Hospital Albert Einstein. Acompanhe aqui a conversa completa.

Na esteira da doença e dos esforços para contê-la, passamos por uma paralisia dos consumidores e das empresas. Por isso, o impacto na economia deve vir numa magnitude muito maior do que em crises anteriores. A boa notícia é que a recuperação também deverá ser mais rápida.

Por enquanto, seguimos acompanhando a evolução da doença. E continuamos sugerindo cautela ao movimentar as carteiras. Em momentos assim, seguir as alocações sugeridas representam a melhor forma de proteção e as melhores oportunidades para a alocação dos seus investimentos.