O mês de abril começou no negativo, novamente influenciado pelo avanço do coronavírus. Uma declaração do presidente dos Estados Unidos provocou uma queda de mais de 4% nos principais índices americanos de ações. Segundo Donald Trump, as próximas duas semanas serão muito negativas. A queda foi menor no Brasil. O Ibovespa encerrou o dia pouco abaixo dos 71 mil pontos, em queda de 2,8%.

Possíveis tensões entre Washington e Pequim também geraram cautela. Segundo a Bloomberg, o governo americano teria acusado a China de ocultar a extensão da crise, ao subnotificar o número de casos.

Veja aqui os comentários de nosso estrategista Jorge Sá:

Expectativa por desemprego nos EUA

O fato é que o cenário atual é de diversas incertezas tanto no campo da saúde, quanto no da economia – indicadores econômicos começam a definir um cenário bastante negativo.

Nesse sentido, há uma expectativa grande para conhecer os números de desemprego nos Estados Unidos. Os novos pedidos de seguro-desemprego têm mostrado números recordes – o número divulgado hoje apontou um salto para 6,6 milhões de novos pedidos na semana passada, o dobro do registro anterior, que já era um recorde para toda a série histórica. A expectativa do mercado era que o número marcasse uma alta para cerca de 3,7 milhões de novos pedidos. 

Economia no Brasil e estímulos

Aqui no Brasil, tivemos notícias que confirmam a previsão do time de Macroeconomia do Safra por um forte impacto na economia em março: as vendas de veículos caíram mais de 18% em março na comparação com fevereiro, e uma projeção da associação comercial de São Paulo de que a arrecadação tributária na cidade deve cair cerca de 26% neste ano.

Segundo a equipe de Macroeconomia do Safra, números como esses já estão previstos no modelo utilizado em nossas projeções, que prevê uma queda de 2,8% do PIB no ano. O cenário prevê uma forte retração no segundo trimestre, seguida por uma recuperação a partir do terceiro trimestre.

Quanto aos estímulos para a economia, o governo vem anunciando uma série de medidas nos últimos dias. Segundo o Ministério da Economia, as ações emergenciais já somam R$ 750 bilhões. Elas devem ficar restritas a 2020, sem contaminar o orçamento do próximo ano, o que é importante para não comprometer a trajetória fiscal do país.

Nesse valor está incluído o auxílio de R$ 600 por mês, durante três meses, a trabalhadores informais, intermitentes, autônomos, desempregados, microempreendedores, entre outros. A iniciativa já tinha sido aprovada pelo Congresso, e foi sancionada ontem à noite pelo presidente.

A medida era uma das mais aguardadas pela sociedade para garantir renda à população mais vulnerável. Ela deve alcançar 54 milhões de pessoas, com um custo de R$ 98 bilhões.

Ontem, o Senado também aprovou um projeto que pode ampliar o auxílio a diversas outras categorias, como motoristas de táxi e aplicativos de transporte, mas o assunto ainda precisa ser analisado pela Câmara e pelo presidente. O impacto adicional pode chegar a cerca de R$ 14 bilhões.

O governo também anunciou uma Medida Provisória para possibilitar a redução de até 70% da jornada de trabalho e dos salários por até 90 dias. Como contrapartida, o trabalhador não pode ser demitido e deve ter estabilidade no emprego pelo mesmo período em que teve redução de jornada. 

Números do coronavírus devem saltar no Brasil

O Ministro da Saúde alertou ontem que devemos ter um aumento significativo no número de casos confirmados nos próximos dias. Isso porque, segundo o ministro, há um número relevante de testes que estão represados e que devem ser analisados em breve. Segundo o último balanço, são 6.836 casos confirmados no país, um salto de 20% sobre o dia anterior, com 241 mortes.

Para entendermos melhor quais são os desafios impostos pelo coronavírus e as perspectivas para os próximos meses, teremos mais uma transmissão ao vivo com um especialista. Vamos conversar desta vez com o diretor-geral do Hospital Sírio Libanês, Paulo Chapchap. A entrevista começa às 16h e você pode acompanhar em nosso canal no YouTube.

Ontem, falamos ao vivo com o economista José Roberto Mendonça de Barros, que comentou os impactos da crise na economia. Você pode ver a conversa aqui.