Apesar do ambiente mais favorável no exterior, o Ibovespa fechou a sexta-feira com nova baixa. O índice de ações foi puxado pelas grandes quedas nas ações da Petrobras. Os papéis ordinários da companhia, por exemplo, tiveram recuo de quase 8%.

O movimento foi provocado por declarações do presidente da República que indicavam mudanças na empresa, agravando o temor dos investidores em relação à política de reajustes da estatal.

Desse modo, o Ibovespa teve uma queda acumulada de 0,8% na semana passada, enquanto o S&P 500 perdeu 0,7% nos Estados Unidos, e o Stoxx 600 ganhou 0,2% na Europa.

Mudança na direção da Petrobras

Após o fechamento do mercado no Brasil, o governo confirmou a intenção de trocar Roberto Castello Branco do comando da Petrobras. Foi indicado para o lugar do executivo o general da reserva Joaquim Silva e Luna, que dirigia a usina de Itaipu.

Depois do anúncio, os papéis da Petrobras negociados nos Estados Unidos passaram a desabar mais de 10%. Isso porque a alteração sinaliza uma escalada na interferência do governo em empresas estatais, que em experiências passadas resultou em distorções de preços e em menor rentabilidade.

Por ora, aguardamos a confirmação da posse do novo presidente, bem como de suas diretrizes de gestão, antes de eventualmente ajustar nossa visão para a Petrobras. Mas entendemos que a aversão a risco relacionada ao evento pode seguir afetando os mercados, inclusive de juros e câmbio.

Lembrando que comentários do presidente durante o fim de semana sobre possíveis intervenções em outros setores tendem a reforçar o cenário de cautela.

Agenda da semana

Na agenda da semana que se inicia, destacamos os dados de inflação que serão conhecidos na quarta e na quinta-feira, bem como a taxa oficial de desemprego no país, que será divulgada na sexta-feira.

Sobre a inflação, vale ressaltar que o Safra mudou o seu cenário-base para o IPCA em 2021. De 3,4%, nossa previsão passou agora para 3,9%, um pouco acima do centro da meta perseguida pelo Banco Central. Entre os fatores que explicam o ajuste estão os altos níveis do dólar e das commodities agrícolas.

Voltando à agenda, no exterior os investidores devem monitorar de perto os discursos de membros do Fed nos próximos dias, em especial de Jerome Powell, presidente da instituição. O objetivo é buscar detalhes sobre a leitura da autoridade monetária para os últimos bons dados de atividade, em especial no varejo.