O Ibovespa teve ontem sua terceira alta consecutiva e fechou o dia aos 83 mil pontos. A quarta-feira foi marcada pelo maior apetite a risco dos investidores, com o dólar e taxas futuras de juros negociando em baixa, e as ações e contratos de commodities, em alta.

Ontem o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou a manutenção da taxa básica de juros nos Estados Unidos. Os dirigentes da instituição afirmaram que as taxas devem permanecer perto de zero até que o país retome o caminho do pleno emprego e estabilidade de preços. A autoridade monetária também sinalizou que vai continuar com suas políticas não convencionais para sustentar a economia, o que deu fôlego ao otimismo do mercado.

Ainda nos Estados Unidos, o PIB recuou a uma taxa anualizada de 4,8% no primeiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores. Foi a maior queda da economia americana desde a crise financeira de 2008. Nosso time de Macroeconomia destaca a forte retração no consumo dos americanos, que desabou 7,6% no período. Foi o pior resultado para esse componente em 40 anos.

Embora os números sejam impactantes, o resultado já era amplamente esperado pelos analistas, como consequência da paralisação das atividades em meio à pandemia de coronavírus. Prova disso foi o salto do índice S&P 500 logo no início do pregão, pouco depois da divulgação dos dados.

E agora de manhã também são divulgados os dados semanais de seguro-desemprego nos Estados Unidos. O número vem sendo monitorado de perto pelo mercado e a expectativa é que sejam registradas mais 3,5 milhões de solicitações. Se a projeção se confirmar, será a quarta semana seguida de desaceleração. 

No Brasil, o IBGE divulga hoje cedo a Pnad Contínua, com a taxa de desemprego no país. A taxa trimestral estava em 11,6% em fevereiro e a estimativa da equipe de Macroeconomia do Safra é que ela tenha subido a 12,6% em março, projeção em linha com o esperado pelo mercado.

Com a suspensão da divulgação dos números do Caged, o levantamento do IBGE se tornou a única fonte de informação para acompanhar a taxa de desocupação no país. E a análise desses números vai exigir cada vez mais cuidado, já que, com as medidas de isolamento, os dados deixaram de ser recolhidos presencialmente, e o impacto dessa mudança pode começar a aparecer mais nos próximos meses.

Em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse ontem que a PEC do Orçamento de Guerra deverá ser votada até a segunda-feira. Segundo ele, os deputados devem retirar do texto aprovado pelos senadores a exigência de manutenção de empregos nas empresas que tiverem títulos comprados pelo Banco Central. Maia afirmou que essa medida inviabilizaria a atuação do BC. Segundo ele, a proposta não precisaria voltar ao Senado caso apenas essa alteração seja efetuada.

Veja os comentários do nosso estrategista Jorge Sá:

Possível remédio contra Covid-19

Ontem, o médico à frente do combate ao coronavírus nos EUA afirmou que um novo estudo mostrou um medicamento que seria eficaz no tratamento de casos graves da Covid-19. O remédio, segundo ele, teria capacidade de diminuir o tempo de recuperação dos pacientes.

Trata-se do remdesivir, antiviral que já é utilizado no combate ao ebola. O mercado já vem há semanas acompanhando as notícias sobre os efeitos deste remédio, que é produzido pela farmacêutica americana Gilead.

Na semana passada, testes na China decepcionaram e provocaram uma reação negativa no mercado. Já no pregão de ontem, a sinalização otimista do especialista da Casa Branca deu força aos ativos.

E aqui em São Paulo, o governo estadual informou uma nova medida para conter o avanço do coronavírus. Será obrigatório o uso de máscaras em transportes públicos, assim como em táxis e transportes por aplicativo. Segundo o governo, embora a queda nas taxas de isolamento preocupe, a população paulista tem conseguido achatar a curva de infecções e evitar um colapso da rede hospitalar.