Na sexta-feira, a saída do ministro da Saúde, Nelson Teich, após menos de um mês à frente da pasta, dominou o noticiário. O aumento das incertezas políticas agravou por aqui a cautela vista no exterior, levando o Ibovespa a perder 1,8%, aos 77.557 pontos. Já o dólar comercial encerrou o dia em alta de 0,34%, cotado a R$ 5,84.

O último pregão também foi marcado pela divulgação de novos dados sobre as principais economia do mundo. Confira as explicações do nosso estrategista Jorge Sá:

Dados nos EUA, China e Alemanha

Nos Estados Unidos, os investidores monitoraram os números sobre o comércio e a indústria em abril. A produção industrial no país registrou forte recuo de 15%, na comparação com abril de 2019, em linha com as expectativas. Já no comércio, as vendas tiveram desempenho mais fraco do que o esperado, e caíram mais de 20%, na mesma base de comparação.

A China, por outro lado, anunciou resultados bem mais positivos, uma que vez que a segunda maior economia do mundo já deixou há mais tempo o pico da crise do coronavírus. No mês passado, a indústria chinesa avançou 3,9%, também na comparação interanual, recuperação maior do que se previa. Já as vendas no varejo caíram 7,5%, mas em ritmo bem menor do o registrado no mês anterior.

Também foi conhecido na sexta-feira o resultado do PIB da Alemanha no primeiro trimestre. A maior economia da Europa sofreu contração de 2,2% na comparação com os três meses anteriores. O resultado veio dentro das expectativas, mas colocou o país tecnicamente em recessão.

Brasil: queda na economia e atenção na política

Aqui no Brasil, o Banco Central divulgou o IBC-Br, índice que estima, apenas pelo lado da oferta, uma aproximação do PIB do país. Já refletindo parte dos impactos da pandemia, o índice recuou 5,9% em março, na comparação com fevereiro, o que resultou em uma queda de quase 2% no primeiro trimestre. A tendência é haver uma retração ainda maior na economia brasileira em abril, mês que ficou inteiramente sob as medidas de isolamento social necessárias para conter o avanço da Covid-19.

E nesta semana, o mercado deve continuar acompanhando de perto o noticiário de Brasília. Um dos pontos de atenção é o veto do presidente da República ao reajuste a servidores permitido pelo Congresso no projeto de socorro a Estados e municípios. Segundo o ministro Paulo Guedes, o governo se preocupa que o veto possa ser derrubado pelos parlamentares.

Projeção para PIB cai novamente

Com novos dados de atividade conhecidos na semana passada, a equipe de Macroeconomia do Safra atualizou a projeção para o PIB brasileiro em 2020. De uma queda de 4,4%, nossos especialistas agora estimam um recuo maior de 5,2%. Isso porque os dados de comércio e indústria revelaram uma profunda contração já no primeiro mês em que foram adotadas as restrições de funcionamento de parte dos estabelecimentos. Além disso, a duração mais estendida da quarentena e a deterioração do cenário político também deverão pesar sobre a economia.

Nosso time destaca que, neste momento, há uma incerteza maior em relação a qualquer projeção, já que a pandemia coloca os analistas diante de uma situação sem precedentes. Desse modo, a queda acentuada da Selic, assim como os benefícios anunciados pelo governo podem impedir uma queda ainda mais pronunciada. Por outro lado, a depender da evolução do cenário político, que pode manter o nível de incerteza elevado por mais tempo, afetando a confiança na economia, a contração do PIB pode ser ainda maior.

Em meio à crise, um dos principais desafios para as economias é garantir a liquidez necessária para que as empresas atravessem o momento de paralisação generalizada das atividades. E entre as instituições que vêm contribuindo para essa missão no Brasil, está o BNDES. Por isso, não perca nossa conversa hoje com o diretor de crédito do BNDES, Petrônio Cançado. Acompanhe ao vivo, a partir das 15h.