O Ibovespa chegou a operar aos 112 mil pontos ontem, repercutindo as recentes tensões políticas no país, bem como a paralisação de caminhoneiros.

O índice, entretanto, virou na última hora do pregão, chegando a marcar 2,5% de alta no dia, depois que o presidente da República divulgou uma nota com tom mais moderado em relação aos demais Poderes.

Antes disso, a Bolsa brasileira também cedia por conta do avanço maior do que o esperado da inflação, fator que também provocou ontem um salto das taxas negociadas no mercado de juros.

O IPCA subiu 0,87% em agosto, a maior leitura para o mês desde o ano 2000. Com isso, o índice já acumula alta de 9,7% nos últimos 12 meses, liderado pelos preços dos combustíveis, dos alimentos e da energia.

A alta da gasolina, por exemplo, está perto de 40% nesse período, segundo o IBGE, enquanto o óleo de soja sobe quase 70%. As contas residenciais de luz, por sua vez, registram aumento anual de mais de 20% no país.

No mês de agosto especificamente, tivemos surpresas de alta em diversos grupos, caracterizando uma inflação mais difundida. Nesse contexto, a previsão do Safra para o IPCA em 2021, que hoje é de 7,4%, foi colocada sob revisão.

Além das dificuldades internas, os negócios também têm sido afetados pela propensão a risco mais contida no exterior. Os três principais índices de ações dos Estados Unidos, por exemplo, tiveram ontem um segundo dia de recuo.

Isso apesar da surpresa positiva nos dados semanais de seguro-desemprego por lá. Os novos pedidos caíram para 310 mil, mantendo a tendência de melhora.

A cautela dos investidores, como temos comentado, está relacionada à retirada de estímulos que deve ser iniciada pelo banco central americano no fim deste ano.

Na Europa, esse processo foi anunciado ontem pelo banco central da Zona do Euro. Mas a presidente da instituição, Christine Lagarde, ponderou que o menor ritmo de compras será calibrado para não gerar uma piora das condições financeiras que coloque em xeque a retomada econômica na região.

Quanto à agenda de hoje, iremos conhecer o desempenho do varejo brasileiro em julho. A projeção do Safra é que o volume de vendas, na modalidade restrita, avance 0,8% ante junho.