A semana passada terminou com um tom positivo para os mercados, influenciados principalmente pelo noticiário internacional. Isso porque os Estados Unidos e a China sinalizaram que continuarão cooperando para manter o acordo comercial assinado no início do ano, afastando temores de que a guerra comercial poderia voltar a aquecer.

Também ajudou no humor dos investidores a notícia de que a Arábia Saudita cortou a produção e aumentou o preço do petróleo, em mais um passo para atenuar a crise global da commodity. Vale lembrar que a Arábia Saudita é a maior exportadora de petróleo do mundo.

Agora, para os próximos dias, teremos uma agenda cheia para acompanhar. Além de continuar de olho no noticiário político e em votações do Congresso, também vamos monitorar se o governo irá realmente vetar a possibilidade de reajuste no salário dos servidores públicos neste e no próximo ano. O congelamento salarial poderia significar uma economia próxima a R$ 130 bilhões, segundo o governo, e é um pedido do ministro Paulo Guedes. 

Veja abaixo o Morning Call com nosso estrategista Jorge Sá:

Também teremos uma série de indicadores econômicos nesta semana. No Brasil, destaque para dados sobre o setor de serviços, vendas no varejo e de atividade econômica. Todos esses números fazem referência a março e darão novas pistas sobre como a economia tem sido impactada pela crise e podem ajudar a calibrar as nossas projeções.

Na última sexta-feira, por exemplo, o time de Macroeconomia do Safra anunciou que a projeção para o PIB, de queda de 4,4% para este ano, está sob revisão e com viés negativo. Esse novo posicionamento vem após os números da semana passada apontarem para uma queda de 9,1% na produção industrial em março e um recuo de impressionantes 99,3% na produção de veículos em abril, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

No cenário internacional, também acompanharemos a reabertura de importantes economias. Espanha e França relaxam suas medidas de isolamento social hoje, seguindo o exemplo de países como Alemanha e Itália. 

É importante observar como os números de novos infectados se comportarão daqui pra frente nos países que reabriram suas economias. Isso porque se fala na possibilidade de uma segunda onda de contaminações. Na Coreia do Sul, por exemplo, tivemos um sinal de alerta: a prefeitura de Seul ordenou neste fim de semana o fechamento de bares e casas noturnas após o aumento de novos casos de infectados.

Inflação longe da meta

Na semana passada, o Banco Central anunciou a redução da taxa Selic para 3% ao ano e deixou as portas abertas para um novo corte. O time de Macroeconomia do Safra projeta que os juros irão cair para 2,25% na próxima reunião, em junho.

No entanto, nosso time de Macroeconomia simulou qual seria a taxa de juros que traria a inflação de volta para a meta de 4%. Considerando a deterioração da atividade econômico e o aumento no desemprego, o resultado foi uma taxa próxima de zero no curto prazo. Isso significa que há espaço para novos cortes adiante. Por isso, nossa projeção para juros também tem viés de baixa.