O Ibovespa teve leve queda ontem, acompanhando as bolsas no exterior. Já o dólar subiu novamente e pela primeira vez fechou um pregão cotado a R$ 5,70.

Entre os fatores que pressionaram a moeda brasileira, está a preocupação dos investidores com as contas públicas. Isso porque os deputados optaram por ampliar o número de categorias de servidores que não sofrerão congelamento de salários.

Confira os comentários do nosso estrategista Jorge Sá:

Aprovações no Congresso

As categorias que não terão congelamento salarial configuram uma desidratação das contrapartidas ao socorro do governo federal a estados e municípios, postura que contraria a posição do ministro Paulo Guedes. A economia com a medida caiu assim de R$ 130 bilhões para R$ 43 bilhões, segundo o governo federal.

Já com o mercado fechado, os senadores aceitaram as alterações propostas pela Câmara dos Deputados. A mudança nos critérios de divisão dos repasses que haviam sido propostos no sábado, no entanto, não foi acatada.

Ainda em Brasília, o plenário da Câmara aprovou ontem, em segundo turno, a PEC do Orçamento de Guerra. A proposta cria um regime fiscal extraordinário para viabilizar gastos públicos no combate à crise do coronavírus.

A PEC também autoriza o Banco Central a adquirir títulos privados no mercado secundário, com o objetivo de prover liquidez ao mercado de crédito. Há acordo entre Maia e Alcolumbre para dispensar o retorno do texto ao Senado e a emenda pode ser promulgada ainda hoje no Congresso Nacional.

BC corta taxa de juros para 3%

E ontem o Banco Central surpreendeu a maioria do mercado e cortou a Selic em 0,75 ponto porcentual, levando a taxa de juros no país a 3%. Nossos especialistas esperavam que esse nível fosse alcançado apenas após mais um corte na próxima reunião do Copom.

A redução mais agressiva vista ontem chegou a dominar as previsões há alguma semanas, mas a turbulência política provocada pela saída do governo do então ministro Sergio Moro fez com que os analistas apostassem em um corte mais moderado.

No anúncio da decisão, o BC apontou que a situação de crise prescreve um estímulo extraordinariamente elevado e que, nesse contexto, considera fazer mais uma redução. Com esse aceno, o time de Macroeconomia agora projeta a Selic a 2,25% no fim do ano.

E amanhã é vez do Banco da Inglaterra anunciar sua decisão sobre a taxa de juros no Reino Unido. A expectativa é que o atual nível de 0,10% ao ano seja mantido. Também serão monitoradas eventuais sinalizações sobre políticas não convencionais. Em março, a instituição ampliou sua carteira de ativos para £ 645 bilhões.

Relaxamento do isolamento no mundo

Seguimos acompanhando a reabertura das principais economias, que trazem alívio ao cenário de colapso econômico provocado pelas paralisações necessárias ao combate à Covid-19. Neste domingo, será anunciado no Reino Unido o plano para relaxar gradualmente as medidas de isolamento determinadas no fim de março. O primeiro-ministro afirmou ontem que serão divulgadas as normas para o retorno das atividades, e que algumas medidas já passarão a valer na segunda-feira.

Na Alemanha, o governo informou que a primeira fase de combate ao coronavírus foi superada, permitindo que o país prossiga flexibilizando a quarentena. Todas as lojas poderão reabrir agora, desde que observem o uso de máscaras e limitem o número de clientes dentro dos estabelecimentos.

A pandemia do coronavírus trouxe incertezas em diversas dimensões da economia, dado os choques simultâneos sobre o consumo e a produção em todo o planeta. Nesse ambiente, há diversos debates sobre o que deve ser feito para superar a crise, e como os governos devem atuar nesse cenário.

Live às 17h

Para comentar esse e outros assuntos, vamos falar nesta tarde com o economista Alexandre Schwartsman. Acesse o link e acompanhe o papo ao vivo com o ex-diretor do Banco Central a partir das 17h.