Pela primeira vez no ano, o real registrou um ganho mensal contra o dólar, e o Ibovespa fechou um segundo mês consecutivo em alta. O principal índice de ações do país chegou a operar aos 88 mil pontos na semana passada, e acumulou um ganho de 8,6% em maio. Os ativos foram beneficiados pela gradual retomada das atividades nas principais economias do mundo.

Para este mês de junho, os investidores devem monitorar se esse processo de reabertura se sustentará, sem provocar novas ondas de contaminação de coronavírus. Outro ponto de atenção é a relação entre China e Estados Unidos.

Os dois países voltaram a se confrontar nas últimas semanas. Agora, no centro da briga está a autonomia de Hong Kong, que vem sendo revista pelo governo chinês. A Casa Branca é contrária ao movimento e ameaça retirar privilégios econômicos garantidos atualmente ao território. Vamos acompanhar também a reação do mercado às manifestações nas ruas da ex-colônia britânica, e também nos Estados Unidos, onde os americanos vêm protestando contra a morte de George Floyd.

Veja abaixo os comentários de nosso estrategista Jorge Sá:

Outro evento que tem potencial para mover os preços é uma nova reunião da Opep e países associados para decidir sobre a prorrogação dos cortes no petróleo. Segundo a agência Reuters, o encontro pode ser antecipado já para esta sexta-feira. Em abril, a organização decidiu cortar a produção em 10%, para tentar mitigar o colapso dos preços por conta da queda na demanda.

PIB no Brasil

Na sexta-feira, conhecemos o resultado do PIB no primeiro trimestre. Ainda que as medidas de isolamento tenham sido implementadas somente na segunda metade de março, a atividade econômica foi fortemente afetada, encolhendo 1,5%. Embora seja negativo, o resultado veio em linha com as expectativas dos analistas.

O destaque positivo ficou com o setor agrícola, que apresentou crescimento de 0,6%, contando com uma forte safra. O PIB da indústria, contudo, caiu 1,4%, enquanto os serviços recuaram 1,6%.

Pela ótica da demanda, o time de Macroeconomia do Safra destaca o avanço de 3,1% dos investimentos, sinalizando que a economia preparava-se para entrar em um período mais vigoroso quando foi abatida pela pandemia.

Revisão de estimativas

Diante das restrições ao funcionamento dos negócios em abril e maio, nossa equipe de Macroeconomia refez as projeções para o PIB no segundo trimestre, e espera agora uma retração de 9,3%. O setor de serviços deve ser o mais afetado, junto da indústria.

Mas a perspectiva para o segundo semestre é melhor. Com o fim da quarentena, nossos especialistas esperam que a economia volte a crescer, contando também com a forte queda da taxa de juros e com os estímulos injetados na economia.

O ritmo de recuperação dependerá, além do grau de liberação das atividades no terceiro trimestre, do cenário político que, caso volte a se deteriorar, poderá comprometer a retomada. Nesse contexto, nossos economistas reduziram a projeção para o desempenho do PIB no ano inteiro de queda de 5,2% para uma de 5,7%.

Outra revisão importante é do nível dos preços. Com o anúncio da Aneel de que não haverá cobrança extra na conta de luz pelo resto do ano, nossa equipe de Macro projeta agora que a inflação medida pelo IPCA avance apenas 1,5% em 2020, bem abaixo da meta do Banco Central.