Na segunda-feira, o Ibovespa resistiu à forte queda dos preços do petróleo e fechou o dia praticamente estável, próximo aos 79 mil pontos. Nos Estados Unidos, no entanto, o comportamento da commodity vem pesando mais sobre os preços. Ontem, enquanto o mercado brasileiro estava fechado por conta do feriado, o S&P 500 fechou em queda de 3%.

O mercado de petróleo vem dando sinais de saturação em meio ao colapso da demanda provocado pela crise de coronavírus. Com os estoques já lotados de barris, a segunda-feira foi marcada por uma situação sem precedentes nesse mercado: pela primeira vez, vendedores tiveram que pagar para fechar um negócio.

Isso aconteceu especificamente no mercado futuro de WTI, o tipo de petróleo que é referência nos EUA. Para evitar a entrega física do óleo, donos de contratos para entrega em maio que venceriam ontem engataram em uma corrida para se desfazer dos papéis e chegaram a pagar US$ 40 para quem quisesse levar os contratos.

Ontem, a situação se normalizou e a cotação do WTI para maio voltou ao terreno positivo. Ainda assim, os preços continuam despencando em contratos com outros vencimentos.

Em meio às perdas, o presidente Donald Trump afirmou que o governo vai criar um plano para apoiar empresas do setor. O governo da Arábia Saudita também se manifestou e disse ontem que pode implementar novos cortes de produção no âmbito da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e países associados.

Ainda nos EUA, democratas e republicanos chegaram a um acordo para liberar mais um pacote de ajuda econômica aos americanos. Inicialmente concebido como um programa de crédito emergencial de US$ 250 bilhões voltado a pequenas empresas, a proposta agora chega a quase US$ 500 bilhões e também vai destinar recursos a hospitais e a testes de coronavírus no país.

O plano foi aprovado por unanimidade ontem à noite pelos senadores e a expectativa é que seja votado pelos deputados amanhã. A medida deve evitar a falência de negócios menores, os mais vulneráveis à falta de liquidez durantes as crises, o que é um ótimo sinal de que os impactos da pandemia na maior economia do mundo serão amenizados.

Trump afirmou ainda que novas ações serão tomadas, como propostas para recompor a perda de receita dos Estados americanos, de corte de impostos sobre a folha de pagamento, e de investimentos em infraestrutura.

Veja os comentários do nosso estrategista Jorge Sá:

SP desenha plano de reabertura

Hoje, o governo de São Paulo deve anunciar um plano para reabrir em fases a economia paulista a partir do dia 11 de maio. O Estado está em quarentena há um mês, o que proíbe o funcionamento da maior parte dos estabelecimentos e atividades, como restaurantes, shoppings, academias e escolas.

De acordo com o governo, a taxa de isolamento no Estado foi de 59% no domingo e de 51% na segunda-feira. Segundo autoridades estaduais, a taxa ideal para controlar a doença é de 70%.

Até ontem, havia mais de 15 mil casos de coronavírus confirmados no Estado. Segundo o governador João Doria, as restrições começarão a ser levantadas de acordo com a realidade de cada cidade e região.

Outros Estados também caminham na mesma direção. Santa Catarina, por exemplo, flexibilizou na segunda-feira as medidas de isolamento e, no Rio de Janeiro, o governo deve anunciar amanhã novas diretrizes. No Distrito Federal, o funcionamento do comércio deve ser liberado no dia 3 de maio.

Dando sequência à série de entrevistas do Safra sobre os desafios colocados pelo coronavírus em diferentes áreas, nossa conversa hoje é com Eugênio De Zagottis, diretor de RI da Raia Drogasil. Para os analistas da nossa Corretora, o setor de medicamentos é o mais resiliente durante a crise. Por isso, as ações da maior rede de farmácias do país fazem parte de nosso portfólio recomendado. Acompanhe a entrevista.