O mercado oscilou bastante durante os negócios de ontem. Por aqui, o Ibovespa se descolou do exterior e subiu 1,5%, próximo aos 79 mil pontos. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 recuou 1%. No mercado de câmbio, o dólar voltou a avançar ante o real.

O acordo firmado pela Opep e países associados não impulsionou os preços do petróleo ontem. Apesar de histórico, o corte de 10% na produção global não convenceu os investidores de que a medida será suficiente para compensar o colapso da demanda causado pela pandemia de coronavírus.

Os preços do barril de petróleo resistiram até mesmo à sinalização do presidente americano, Donald Trump, de que a redução na oferta pode ser duas vezes maior do que a anunciada.

Aqui no Brasil, em meio aos baixos preços do petróleo, a Petrobras vai desligar temporariamente diversas unidades de produção, segundo notícias de ontem. Na Bacia de Campos, no norte fluminense, foram paralisadas seis plataformas, com produção conjunta de 5,4 mil barris por dia.

O presidente americano também se manifestou sobre uma eventual reabertura dos negócios nos Estados Unidos. Segundo Trump, cabe à Casa Branca decidir sobre o relaxamento das restrições, e não aos governos estaduais. 

O governador de Nova York, por exemplo, afirmou ontem que o pior já passou por lá, uma vez que o número de mortos por coronavírus no Estado parece já ter atingido um pico e está desacelerando. O Estado de Nova York ultrapassou a marca trágica de 10 mil mortos. Segundo a última atualização da Universidade Johns Hopkins, já existem no mundo mais de 1,8 milhão de casos de coronavírus e mais de 120 mil mortes.

Espanha e Itália já estudam como farão para suspender o bloqueio, já que o número diário de contágio vem diminuindo. A Espanha liberou ontem algumas empresas dos setores de construção e indústria a retomarem as atividades. Na Itália, algo semelhante deve ser anunciado nos próximos dias. Já a França, por outro lado, anunciou ontem a extensão da quarentena e só deve retomar suas atividades a partir de 11 de maio.

Veja os comentários do nosso estrategista Jorge Sá:

 

'Orçamento de Guerra' adiado

No Brasil, a votação do “Orçamento de Guerra” foi adiada. A PEC que abre um regime fiscal de exceção ainda enfrenta resistência no Senado. Entre os pontos de divergência está a ampliação dos poderes do Banco Central, que passaria a ter poder de comprar e vender títulos no mercado secundário.

Para buscar maior aceitação, o relator da proposta apresentou um novo texto, especificando as condições de atuação da autoridade monetária no mercado de dívida. Como houve mudanças, após a votação no Senado, a proposta precisará ser apreciada novamente pelos deputados. 

Na Câmara, os deputados aprovaram projeto que busca recompor as receitas de Estados e municípios. O texto havia sido criticado por ampliar a capacidade de endividamento dos entes, mas foi reformulado para apenas compensar as quedas de arrecadação.

Já no Executivo, é aguardado para os próximos dias o texto-base de lei que vai aumentar a margem do empréstimo consignado para aposentados e pensionistas do INSS. A proposta havia sido anunciada no mês passado.

Os especialistas do Safra continuam a conversar com experts de vários setores para entender suas visões para os desafios da pandemia. Ontem, falamos com Rogério Xavier, sócio-fundador da gestora SPX, um dos gestores mais respeitados do país, sobre o que esperar do mercado financeiro diante da crise atual.