Os últimos meses foram marcados por grandes transformações nos cenários para investimentos. Depois de iniciar o ano com perspectivas positivas, o principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, registrou perdas de 30% em março com o inesperado desenvolvimento da crise do novo coronavírus em todo o mundo. O índice segue agora em uma trajetória de recuperação, e muitos investidores se questionam até qual limite a Bolsa pode subir, e onde investir nesse cenário.

Para responder a perguntas como essas, promovemos nesta terça-feira uma live com dois gestores da Safra Asset: Carlos Eduardo Amaral e Lúcio Rebouças. Eles são responsáveis pelas mesas de renda variável local e internacional, respectivamente. A conversa foi mediada pelo estrategista Jorge Sá. Abaixo, selecionamos alguns dos temas mais importantes para trazer a nossa visão sobre onde investir em Bolsa local e internacional.

Abaixo, selecionamos os principais trechos da conversa. No final deste conteúdo, você pode rever a live na íntegra.

Lembramos que em nossa visão de alocação para o mês, que você pode conferir no Safra Report, sugerimos uma parcela das carteiras em investimentos de renda variável local e internacional para os investidores conservadores aos mais dinâmicos.

Ibovespa e a projeção de alta

A principal pergunta no momento é até qual nível o Ibovespa pode avançar. Para Carlos Eduardo Amaral, o índice deve permanecer oscilando em um intervalo de 90 mil pontos a 102 mil pontos - atualmente, está ligeiramente acima dos 93 mil pontos.

Para os investidores, no entanto, o potencial de ganhos da renda variável é muito superior às oscilações do Ibovespa. “A bolsa tem uma concentração grande em commodities e bancos, então é mais difícil saber se ela vai superar muito os 100 mil pontos, mas ao fazer uma seleção de ações que estejam expostas a um crescimento mais robusto, não tenho dúvida que a capacidade de apreciação é muito alta”, explica.

O gestor conta que, logo no início da crise, elaborou um estudo para identificar quantas empresas teriam capacidade financeira para chegar ao final do ano sem quebrar e sem tomar dívida com custos muito elevados. O estudo considerou diferentes horizontes de tempo, entre 2 e 6 meses, e em todos eles foi possível selecionar um número razoável de empresas. E, algumas delas, podem inclusive se beneficiar deste cenário. “As empresas que sobreviverem vão chegar ao final do ano com um market share até maior”.

Inflação de ativos bons à vista

Carlos Eduardo lembra, também, que o cenário atual favorece a alta nos preços de ativos de longo prazo.

Em meio a taxas de juros nas mínimas históricas, somadas a uma política fiscal de controle de gastos, o que permite manter uma inflação controlada, cria-se um cenário propício para “inflação de ativos bons”, ou seja, para a valorização de ativos de qualidade. “Quando houve esse movimento nos Estados Unidos, de uma década para cá, houve inflação de ativos de longo prazo, como Bolsa e imóveis”, lembra o gestor.

Os setores de destaque da Bolsa

 

Se a projeção de alta para o Ibovespa parece estar próxima dos níveis atuais, a alternativa para capturar as oportunidades está na seleção de bons ativos em setores com perspectivas positivas.

Apesar dos impactos negativos da pandemia para a economia como um todo, setores específicos podem se beneficiar deste momento. Esse é o caso do e-commerce, que observou um salto expressivo nas vendas, em alguns casos superando marcas de 200%. “Este setor já era privilegiado em nosso entender para o longo prazo, mas a pandemia acelerou o crescimento”, afirma.

O próprio varejo físico apresenta oportunidades, apesar das lojas fechadas. Isso porque em meio ao avanço das estratégias omnichannel, elas diversificaram seus modelos de atuação. Nesse cenário atípico, é possível “dissociar quem fez um bom trabalho de quem fez um trabalho mais ou menos”. “Algumas empresas vão se sair muito mais fortes.” Entre as empresas de varejo e e-commerce citadas pelo gestor estão Magazine Luiza, Natura e Arezzo.

O setor de saúde, embora possa ter reflexos negativos do desemprego no curto prazo, permanece com perspectivas positivas para o longo prazo, citando especialmente a NotreDame Intermédica e a Hapvida. O gestor lembra, também, que os custos para as empresas do setor também tiveram uma redução durante este período, devido ao cancelamento de procedimentos de maior complexidade.

As empresas do setor de proteína animal também apresentam perspectivas positivas, com destaque para JBS. Pela ótica global, o surto de gripe suína africana, que se espalhou para a China, gerou oportunidades para as empresas brasileiras, que estão com forte fluxo de caixa, exportarem seus produtos.

Com o avanço da crise, o valor de mercado de diversas empresas do setor de construção civil caiu para níveis inferiores ao valor patrimonial delas. Nosso gestor explica que isso costuma acontecer apenas por dois motivos: ou a empresa vai quebrar, ou ela vai gerar um retorno marginal abaixo do seu custo de capital. “Nos exercícios que fizemos, nenhuma iria quebrar, a posição de caixa é boa, e os projetos que estão sendo desenvolvidos vão gerar margens acima do custo de capital”, diz, sugerindo que o desconto recente nos preços em Bolsa foi exagerado.

Os fundos de ações para investir

Questionado sobre os fundos de ações que se destacam neste momento, o gestor apresentou a estrutura da asset, que conta com equipes dedicadas para mercados de moedas, renda fixa, internacional, quantitativo, dívida, entre outros. “Se eu quero tirar uma dúvida, isso é questão de segundos, o nível das discussões é muito alto”.

Carlos Eduardo explicou que a visão da Safra Asset prioriza o conceito de retorno composto. Ou seja, entregar rentabilidade consistente ao longo do tempo, em vez de buscar ganhos em curtos espaços de tempo. Para o momento atual, ele citou quatro produtos de destaque:

Safra Consumo: tem em sua carteira setores como e-commerce, hospitais, shoppings, imobiliário, entre outros. Após uma performance superior a 50% no ano passado, o fundo conseguiu proteger a carteira neste ano e cai cerca da metade do Ibovespa. Confira a lâmina do Safra Consumo aqui.

Safra Lagrange: este é um fundo que pode atuar de modo alavancado. Deste modo, os primeiros dias da crise se mostraram mais desafiadores, mas após um rápido ajuste na carteira, o produto vem em um momento de rápida recuperação. Toda a performance relativa ao Ibovespa já foi igualada. O fundo vem superando o índice de referência nos últimos anos. Confira a lâmina do Safra Lagrange aqui.

Safra Arquimedes: este é o fundo de ações que tem como um de suas principais características estar mais protegido em ambientes mais revoltos do mercado, mantendo liquidez para em seguida buscar gerar retorno real superior a inflação + 6%. A estratégia se mostrou bem-sucedida durante a crise. Enquanto o Ibovespa permanece com uma queda expressiva no ano, o fundo já acumula ganhos neste ano. Confira a lâmina do Safra Arquimedes aqui.

Safra Ações Livre: o fundo busca se concentrar nos melhores ativos para carregar por um horizonte de tempo maior, descorrelacionando-se dos principais índices. Com cerca de 10 a 15 ações na carteira, o gestor acredita que o produto se alinha a uma nova mentalidade do mercado, de ampliar a tomada de risco em Bolsa com a visão de longo prazo. Confira a lâmina do Safra Ações Livre aqui.

Diversificação em Bolsa internacional

Também trouxemos para a conversa Lúcio Rebouças, responsável pela mesa de renda variável internacional. Ao analisar o momento atual dos mercados externos, Rebouças reforçou que os Estados Unidos têm dado sinais de que a economia já está saindo da recessão, o que tem influenciado positivamente os mercados. Apesar de avaliar a recente queda nos índices acionários americanos como exagerada, ele alerta que a trajetória de alta não será linear. “Em toda saída de recessão tem incertezas relacionadas à velocidade com que essa volta acontece, e hoje há também o medo de segunda onda do coronavírus”, explica.

O gestor procurou responder, logo de início, por que ele sugere diversificar a parcela de renda variável internacional do portfólio em ações americanas em vez de qualquer outro país do mundo. “Em nossa visão, a economia americana tem dois componentes de crescimento que nenhum outro país tem: progresso tecnológico e mercado consumidor bastante forte”, explica.

Na Safra Asset, há dois produtos principais para capturar esse movimento:

Safra Consumo Americano: este fundo “personifica o que a gente mais gosta da bolsa americana”, explica o gestor, citando os setores de consumo e tecnologia. Na carteira do fundo estão ações de empresas como Home Depot, Disney, Netflix, Amazon, McDonald’s, Starbucks, entre muitas outras. Confira a lâmina do Safra Consumo Americano aqui.

Safra BDR: além de aproveitar as oportunidades do Safra Consumo Americano, este fundo é mais amplo, podendo investir em todos os setores da bolsa americana. Em sua carteira, inclui também ações do setor industrial, de defesa, saúde, entre outros. Confira a lâmina completa do Safra BDR aqui.

É importante lembrar que os dois produtos possuem exposição cambial, e ambos apresentam desempenho positivo neste ano. Para conhecer mais sobre as ações que fazem parte da carteira, confira a íntegra da live abaixo.