O IBGE divulgou nesta quinta-feira, 06, a Pnad Contínua, com dados sobre o mercado de trabalho referentes ao mês de junho. A taxa de desemprego no segundo trimestre de 2020 foi de 13,3%, em linha com a projeção do nosso time de Macroeconomia (13,4%) e com a mediana do mercado (13,2%).

Após ajuste sazonal, o desemprego situou-se em 13,1% em junho ante 12,5% registrado em maio. Apesar da alta relativamente pequena frente ao tamanho da crise da Covid-19 no país, o resultado não reflete o baque sofrido no mercado de trabalho brasileiro, dizem nossos especialistas.

Já a população ocupada caiu a 83,7 milhões de pessoas (série ajustada sazonalmente), o menor nível da série iniciada em 2012 e 10,4 milhões a menos do que o observado em fevereiro deste ano.

Como a taxa de participação caiu para 55,4%, o impacto na taxa oficial de desemprego foi minimizado. Nossos especialistas lembram que, caso a taxa de participação estivesse na média histórica (61,5%), a taxa de desemprego seria de 21,7% na série ajustada sazonalmente, o maior nível da série.

Outro número que evidencia a situação delicada do mercado de trabalho é a taxa de subutilização, que atingiu o nível de 28,6% ante 26,9% registrado em maio. Entre as 10,4 milhões de ocupações destruídas desde fevereiro, aproximadamente 3,0 milhões foram empregos formais e 7,5 milhões empregos informais.

Com a flexibilização das medidas de distanciamento social, a equipe do Safra espera que parte dos empregos destruídos possa ser recuperada de maneira relativamente rápida, principalmente no setor informal.

Já que os dados da Pnad se referem a médias trimestrais, nosso time espera que junho seja o pior mês em relação à população ocupada, uma vez que reflete os meses de abril, maio e junho, o período mais agudo da crise no país. Dessa forma, as próximas divulgações devem começar a apresentar resultados melhores do mercado de trabalho. 

Renda

Em relação à renda, o rendimento médio habitual da população ocupada subiu de R$ 2.457 para R$ 2.500, fenômeno comum em períodos de recessão, pois a maior parte dos empregos perdidos é da população com rendimentos mais baixos, aumentando assim a média dos rendimentos.

Por outro lado, a massa salarial caiu 1,4% na variação mensal e 6,4% desde fevereiro, mas o auxílio emergencial tem sido mais do que suficiente para compensar essa queda. Nossa equipe de Macroeconomia avalia que não há, em um primeiro momento, escassez de renda na economia brasileira. Contudo, ao fim do programa, isso deverá ser um fator a ser considerado.