O Ibovespa sustentou uma alta de 1,7% nesta semana e abriu espaço para a sensação de que o momento mais crítico da crise do coronavírus nos mercados ficou para trás.

O tom positivo também predominou nos Estados Unidos, onde o S&P 500 avançou 3%. Ambos índices de ações emplacaram duas altas semanais consecutivas pela primeira vez desde o início da crise.

Entre os eventos que marcaram a semana, estão dados da economia chinesa e americana. Destaque também para as projeções do FMI e do Banco Mundial para o PIB brasileiro. Em Brasília, o cenário também foi movimentado. Veja abaixo um resumo dos principais fatos.

China e EUA reportam dados

Alguns números divulgados nesta semana sobre a economia da China e dos Estados Unidos mostraram o estrago da crise na economia. Para evitar um avanço descontrolado do coronavírus, autoridades em todo planeta vêm restringindo o funcionamento dos negócios, o que provoca um choque simultâneo de oferta e de demanda nas economias.

Na China, o PIB desabou 6,8% no primeiro trimestre do ano, pior resultado em quase três décadas. No entanto, como vive uma etapa mais adiantada da crise sanitária, o país sinaliza que está emergindo da paralisação econômica.

As importações chinesas em março, por exemplo, divulgadas no início da semana, vieram bem melhor do que era previsto, animando investidores. Elas encolheram 0,9% no mês, enquanto o mercado previa uma queda de 10%.

Os Estados Unidos, por sua vez, enfrentam ainda a fase mais aguda da crise – apenas na quinta-feira, foram registradas 4,6 mil mortes relacionadas ao coronavírus no país, segundo a Universidade Johns Hopkins.

Com isso, são necessárias mais restrições e a atividade sofre no país, como mostraram os dados sobre o comércio e a indústria reportados na quarta-feira. Segundo o governo americano, o varejo registrou em março a maior queda da série histórica. Com negócios fechados ou operando parcialmente, as vendas no país recuaram 8,7% na comparação com fevereiro.

Já a produção industrial total no país teve uma queda de 5,4% no mês passado, de acordo com o Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Ao excluir da conta os setores elétrico, de gás e de mineração, a manufatura recuou 6,3%. Foi o pior resultado em 74 anos.

FMI e Banco Mundial

Dois dos principais organismos internacionais divulgaram nos últimos dias suas previsões de crescimento para o Brasil. Em relatório sobre os impactos da pandemia na América Latina, o Banco Mundial prevê uma queda de 5% para a economia brasileira em 2020. Para o México, o banco projeta recuo de 6% no ano, e baixa de 5,2% para a Argentina.

A estimativa para o Brasil está em linha com o número calculado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que enxerga queda de 5,3% para o PIB brasileiro em 2020. A instituição também apresentou sua previsão para a economia global no ano: queda de 3%. Seria a maior recessão desde a crise de 1929.

Orçamento de Guerra e socorro a Estados

Por aqui, a semana foi cheia em Brasília, em meio a decisões sobre medidas para mitigar a crise. Um projeto que prevê a recomposição das receitas de Estados e municípios chegou a ser aprovado na Câmara, mas enfrenta resistência do governo federal e do Senado.

O Ministério da Economia criou sua própria proposta de ajuda, por avaliar que a medida aprovada pelos deputados gera incentivos para que os entes sejam fiscalmente displicentes. Já no Senado, a disputa é pela competência do tema. Senadores apontam que, pela a natureza do projeto, o texto deveria ser concebido por eles. Embora os governadores pressionem por uma liberação mais célere dos recursos, o assunto segue indefinido.

Outro tema importante é a proposta de Emenda à Constituição que cria o Orçamento de Guerra, regime de exceção fiscal que aumenta a capacidade de atuação do governo durante a crise. O Senado já aprovou a proposta em dois turnos, mas, como houve alterações, o texto terá que ser votado novamente na Câmara dos Deputados.

Entre as mudanças previstas pela PEC, está a atuação do Banco Central no mercado secundário de dívida. A novidade vem enfrentando resistência por parte de alguns parlamentares e, para tentar aumentar a chance de aprovação, relator da proposta acrescentou ao texto condições mais detalhadas para a ação do BC.

No Executivo, houve enfim uma definição sobre o comando do Ministério da Saúde. O presidente Jair Bolsonaro optou por substituir Luiz Henrique Mandetta por Nelson Teich. O novo ministro é médico oncologista e assumiu sem indicar mudanças imediatas na condução da pasta.

Acordo sobre o petróleo

O acordo para diminuir a oferta de petróleo finalmente foi anunciado no último domingo. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, grupo conhecido como Opep+, concordou em cortar 10% da produção global de petróleo.

Sem convencer os investidores de que seria suficiente para compensar a fraca demanda, o acordo firmado não deu suporte aos preços da commodity, que terminou a semana em queda.