A gradual liberação das atividades nas maiores economias do mundo conduziu os negócios durante a semana, levando a altas generalizadas na última semana de maio. Com fortes ganhos na segunda e quarta-feira, o Ibovespa acumulou avanço de 6,36% no período. A confiança se refletiu também no mercado cambial e o dólar fechou a sexta-feira cotado a R$ 5,34.

Ao longo da semana, a divulgação de uma série de dados sobre a economia brasileira, que culminou com o anúncio do PIB, também foi acompanhada com atenção pelos investidores. De maneira geral, os números não trouxeram grandes surpresas, embora sejam bastante negativos.

Por outro lado, o ambiente político mais tranquilo que se desenhava no início da semana não se sustentou. O acirramento das tensões em Brasília, desta vez entre Executivo e Judiciário, se somou ao crescimento das preocupações quanto a possíveis novos conflitos entre Estados Unidos e China.

Os dois países haviam conseguido um acordo há alguns meses para apaziguar disputas comerciais. Agora, acusações americanas sobre uma suposta responsabilidade da China na propagação do coronavírus pelo mundo, além de críticas a interferências em Hong Kong, voltaram a acirrar os ânimos entre as potências.

O principal temor é que o movimento gere novas sanções comerciais, possibilidade que parece menor após discurso de Donald Trump nesta sexta-feira. Veja a seguir outros eventos desta semana.

PIB em queda

O IBGE mostrou que a economia brasileira sofreu uma contração de 1,5% no primeiro trimestre, na comparação com o quarto trimestre de 2019 com ajuste sazonal. O resultado do PIB veio dentro das expectativas do mercado.

Pelo lado da oferta, apenas o setor agrícola apresentou crescimento no período. O PIB da indústria caiu 1,4%, com destaque negativo para a indústria extrativa (-3,2%) e de construção (-2,4%). Já o setor de serviços se retraiu em 1,6%.

Pela ótica da demanda, os investimentos cresceram 3,1%, recuperando-se após uma queda de 2,7% no trimestre anterior. O consumo das famílias, por sua vez, recuou 2,0%. O consumo do governo mostrou pequeno crescimento (0,2%) e as exportações líquidas contribuíram negativamente.

Deflação e contas externas

Os preços coletados pelo IBGE continuam a indicar que os efeitos da crise do coronavírus são deflacionários. O IPCA-15 mostrou uma variação negativa de 0,59% na leitura de maio. Nosso time espera que a inflação em 2020 seja de 1,7%, mas há chance de nova revisão para baixo.

Outro dado importante, o resultado das transações correntes foi superavitário em US$ 3,8 bilhões em abril, melhor resultado da série histórica para o mês. Nossos especialistas destacam que o forte resultado nas contas externas se deve aos efeitos da crise econômica, que levaram a uma forte queda nas importações e também a reduções nos déficits com remessas de lucros e dividendos.

Desemprego

O mercado de trabalho também vem refletindo os impactos da pandemia. A Pnad Contínua mostrou que a taxa de desemprego trimestral avançou de 12,2%, em março, para 12,6%, em abril, atingindo 12,8 milhões de brasileiros.

Também foram divulgados os dados do Caged, pela primeira vez com números de 2020. O país perdeu 1,1 milhão de vagas com carteira assinada em março e abril, segundo o Ministério da Economia. O movimento foi puxado pelo setor de serviços, com saldo negativo de 360 mil vagas.

Impacto fiscal

O Banco Central divulgou o resultado primário em abril do setor público consolidado, que reúne as contas do governo central (Tesouro, BC e INSS), bem como de Estados, municípios e estatais (à exceção de Petrobras, Eletrobras e bancos públicos).

O déficit foi de R$ 94,3 bilhões, melhor do que se esperava, em meio à queda de receitas e ao diferimento de impostos, além da expansão dos gastos para combater a Covid-19 e apoiar a economia.

Reabertura

No Brasil, começa a se desenhar a retomada das atividades. O governo estadual de São Paulo apresentou um plano de reabertura da economia em cinco fases. O plano prevê que as cidades serão liberada de acordo com a evolução de indicadores como capacidade do sistema hospitalar e da evolução da disseminação da doença.

Na capital, o prefeito explicou que as atividades autorizadas só voltarão a funcionar depois que forem fornecidos planos de retomada, com protocolos de segurança que deverão ser aprovados pela vigilância sanitária.

Pacotes de ajuda

No exterior, as autoridades mostram que não esgotaram seu arsenal para apoiar a atividade. A União Europeia apresentou um plano de € 750 bilhões para apoiar o bloco durante a crise do coronavírus. Também foi proposta a inclusão de mais € 1,1 trilhão no orçamento do bloco para os próximos sete anos.

Também ganhou força o debate se o Banco Central Europeu deve ampliar o programa de estímulos atualmente em vigor.

Na Ásia, o governo do Japão aprovou um pacote de quase US$ 300 bilhões, contendo ações para minimizar os impactos da crise.