O mercado brasileiro voltou a registrar uma semana positiva. De segunda a sexta-feira, o ganho acumulado foi de 3%, mas o nível dos 98 mil pontos continua inatingido. O índice iniciou sua trajetória de recuperação na segunda metade de março, mas agora está há um mês esbarrando nesse teto.

A semana trouxe dados importantes sobre o emprego no Brasil e nos Estados Unidos. Trata-se de uma das variáveis mais importantes da economia, cuja previsão ficou ainda mais complicada durante a pandemia. Isso porque a procura por trabalho ficou mais difícil, o que muda a taxa de participação. Além disso, a eficácia dos auxílios promovidos pelos governos também não é simples de projetar. Veja a seguir como vieram os números e outros destaques da semana.

Mercado de trabalho

Por aqui, o IBGE mostrou que a taxa de desocupação subiu para 12,9% no trimestre encerrado em maio, atingindo agora 12,7 milhões de pessoas. O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado.

Antes disso, o Ministério da Economia já havia liberado os dados do Caged, que surpreenderam positivamente. O país registrou perda líquida de quase 332 mil vagas com carteira assinada em maio, resultado melhor do que o registrado em abril.

De acordo com a pasta, os números mostram que o programa de manutenção do emprego evitou uma explosão nas demissões, e que o desafio no momento está no menor ritmo de contratações.

Já nos Estados Unidos, houve em junho uma criação líquida de 4,8 milhões de vagas, maior avanço da série histórica. O resultado veio acima das expectativas e fez a taxa de desemprego por lá recuar a 11,1%. Foi o segundo bom resultado consecutivo, tendo em vista a geração de 2,7 milhões de vagas em maio.

O otimismo com o resultado poderia ser ainda maior, não fossem as incertezas em relação ao avanço dos casos de coronavírus em alguns Estados americanos. Isso porque os dados reportados pelo governo americano foram coletados na primeira quinzena de junho, antes da reaceleração da doença limitar ou reverter a abertura que estava em curso.

Indústria sai do piso

Outra boa novidade foi a relativa recuperação da indústria brasileira em maio.O IBGE revelou que a produção no setor teve alta de 7% na comparação com abril, crescimento maior do que se esperava. Nossa equipe de Macroeconomia, no entanto, lembram que a atividade industrial segue bastante deprimida, mais de 20% abaixo do nível pré-pandemia.

O destaque foi a produção automotiva, que mais que triplicou após ficar praticamente parada nos dois meses anteriores. E números preliminares apontam que o alívio no segmento continua. Segundo dados comerciais divulgados pela associação de concessionárias, o número de emplacamentos de veículos no Brasil dobrou de maio para junho.

Contas públicas

No campo fiscal, o Banco Central divulgou o resultado primário do setor público consolidado referente a maio, com déficit de R$ 131,4 bilhões. Em 12 meses, o rombo avançou para R$ 282,8 bilhões, para 3,91% do PIB.

Além disso, o governo anunciou nesta semana a prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600 por mais dois meses. De acordo com as estimativas de nossos especialistas, o custo fiscal adicional fica próximo a R$ 100 bilhões. Essa decisão já estava inserida na projeção do Banco Safra para as contas públicas, de déficit ao redor de R$ 819,3 bilhões (ou 11,8% do PIB) no resultado primário. Quanto à dívida pública, a projeção é de forte avanço em 2020, para 94,2% do PIB.

Corrida pela vacina

O noticiário sobre as pesquisas por vacinas anti-coronavírus também deu ânimo aos investidores durante a semana. A americana Pfizer e a alemã BioNtech anunciaram que uma vacina experimental apresentou resultados positivos em sua primeira fase de testes clínicos.

E aqui no Brasil, os testes na terceira fase da vacina pesquisada pela farmacêutica chinesa Sinovac devem começar na semana que vem. Segundo o Instituto Butantan, que coordena esses experimentos, já há acordo para disponibilização inicial de 60 milhões de doses para o Brasil. Um acerto posterior deverá prever a transferência de tecnologia para produção em escala industrial aqui, com fornecimento gratuito ao SUS.

Outra farmacêutica chinesa, a CNBG informou que sua vacina experimental teve resultados promissores na terceira fase de teses, com mais de mil voluntários.

Já a vacina projetada pela Universidade de Oxford e AstraZeneca, que também está na terceira fase, poderá começar a ser produzida no Brasil a partir de dezembro deste ano, segundo um executivo do grupo farmacêutico britânico. Isso porque há acordo com o governo brasileiro para que, caso a vacine se mostre eficaz, a Fiocruz inicie a produção imediatamente.