Os fortes estímulos monetários dos bancos centrais anunciados nos últimos meses mostraram ao longo desta semana seu poder sobre os preços dos ativos, ao se combinarem à crescente confiança dos investidores na reabertura das maiores economias do mundo.

Esse sentimento positivo ganhou corpo a partir de sondagens que deram indícios de recuperação dos países após um período em queda livre. Além disso, perdeu espaço o temor de que novas ondas de contaminações da Covid-19 voltem a paralisar as atividades.

Nesse cenário, o Ibovespa emplacou seis dias consecutivos em alta. Na semana, o índice de ações acumulou ganhos de 8%, fechando a sexta-feira aos 94,6 mil pontos, após três meses abaixo desse nível. No mercado cambial, o dólar terminou a semana cotado abaixo dos R$ 5.

Entre os eventos que ajudaram os negócios, estão os resultados da indústria no Brasil e do emprego nos EUA, que vieram melhores do que as projeções. Relembre a seguir como foi a primeira semana de junho.

Cortes no petróleo

A semana começou com a notícia de que a Opep e países associados iriam antecipar a reunião para decidir sobre a prorrogação do corte de cerca de 10% na produção de petróleo.

Segundo a agência de notícias da Dow Jones, o cartel confirmou o encontro para este sábado, 06, e deve finalizar um princípio de acordo para estender até julho a redução acertada em abril, que marcou um entendimento entre Arábia Saudita e Rússia. A decisão foi tomada para buscar mitigar os efeitos nos preços do colapso da demanda durante a pandemia de Covid-19.

Ainda no setor, por aqui a ANP informou que a produção no Brasil continuou próxima a três milhões de barris por dia em abril. O setor tem mantido o bom desempenho apesar da crise sanitária, sustentado pela retomada da demanda chinesa, que vem puxando as exportações.

Os dados da ANP também apontaram que, mesmo com a hibernação de 62 plataformas em águas rasas, a Petrobras respondeu por 73% da produção brasileira.

Produção industrial

Na quarta-feira, o IBGE divulgou a produção industrial no país. O setor caiu 19% em abril, na comparação com março, a queda mais intensa desde o início da série histórica, em 2002. Apesar do forte impacto da pandemia, o resultado veio melhor do que era esperado.

Entre as atividades, o pior resultado veio da produção de veículos, que despencou quase 90% no mês, por conta da interrupção quase total das fábricas. Essa queda afetou outros segmentos, como metalurgia, plásticos e combustíveis. Nosso time de Macroeconomia destaca que apenas a indústria extrativa não apresentou queda em abril, permanecendo estável em relação ao mês anterior.

Mas, já sinalizando uma relativa melhora em maio, a federação de concessionárias Fenabrave apontou que as vendas no mês passado tiveram uma recuperação de 12% em relação a abril, um sinal positivo. Ainda assim, na comparação com maio de 2019, o total de emplacamentos encolheu 72%.

A associação de montadoras Anfavea, por sua vez, indicou o reinício das atividades em curso nas fábricas. De menos de dois mil veículos produzidos em abril, a produção saltou para 43 mil em maio. O avanço é significativo, mas ainda representa uma queda de 84% na comparação com maio de 2019.

Desemprego nos EUA

O mercado de trabalho nos Estados Unidos registrou uma criação líquida de 2,5 milhões postos em maio, número muito melhor do que a destruição de mais de sete milhões de vagas que era esperada. Com isso, a taxa de desemprego recuou de 14,7% para 13,3%, bem abaixo dos 19,0% previstos pelo mercado.

O governo americano também registrou 1,9 milhão de novos pedidos de seguro-desemprego na semana passada. Foi a nona desaceleração consecutiva, o que reforça a leitura de que o pior da crise ficou nas semanas anteriores.

Estímulos na Europa

Na quinta-feira, o Banco Central Europeu não alterou as taxas de juros de referência, mas aprovou uma expansão maior do que era esperada em seu programa de compra de ativos.

A instituição, que já havia adotado uma série de medidas emergenciais, irá aumentar o tamanho dos estímulos em € 600 bilhões, levando o total a € 1,35 trilhão. O BCE anunciou ainda que prorrogou o programa até junho de 2021, seis meses a mais do que o originalmente planejado.

O Banco Central Europeu também revisou seu cenário para o PIB da da zona do euro em 2020, prevendo agora uma contração de 8,7%. A previsão é de recuperação depois disso, com alta estimada de 5,2% em 2021, e de 3,3% em 2022.