A turbulência no governo federal desde quinta-feira inviabilizou uma possível terceira semana consecutiva de alta no mercado brasileiro.

O Ibovespa passou sem muitas oscilações pela troca do ministro da Saúde na semana passada, mas, desta vez, o pedido de demissão de um dos principais nomes do Executivo elevou fortemente o grau de incerteza política no Brasil.

Com a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, o principal índice de ações do país terminou a semana aos 75,3 mil pontos, acumulando queda de 4,6% desde segunda-feira. O Ibovespa chegou a apagar os ganhos do mês nesta sexta-feira, operando aos 72 mil pontos, mas recuperou fôlego na segunda metade do pregão.

Já o dólar, que chegou a ser negociado hoje próximo aos R$ 5,73, fechou cotado a R$ 5,66. A moeda já vinha em alta desde quarta-feira, em meio a expectativas de cortes mais agressivos na Selic, mas o movimento se acelerou quando começou a ser noticiada o que ainda era uma possível saída do ex-juiz.

Petróleo

Também influenciou os negócios durante a semana o preço do petróleo. O mercado oscilou em alguns momentos junto da commodity, cuja negociação antes do feriado foi marcada por um fenômeno raro.

Com os estoques já lotados de barris, vendedores tiveram que pagar para encontrar um comprador. Isso aconteceu especificamente no mercado futuro de WTI, o tipo de petróleo que é referência nos EUA.

Para evitar a entrega física do óleo, donos de contratos para maio engataram em uma corrida para se desfazer dos papéis e chegaram a pagar US$ 40 para quem quisesse fechar negócio.

PIB em 2020

Nossa equipe de Macroeconomia reduziu nesta semana a projeção para o PIB do país no ano, de uma queda de 2,8% para uma de 4,4%. Uma das dimensões mais preocupantes é o mercado de trabalho.

Segundo nossos especialistas, o desemprego deverá ser maior do que o previsto anteriormente, e a previsão agora é que a taxa de desocupação vai atingir um pico de cerca de 14,5% em meados do ano, e terminar 2020 em 13,7%.

Reabertura

Dois dos países mais afetados pela pandemia de coronavírus tiveram motivos de alívio nesta semana. Pela primeira vez, Espanha e Itália registraram um número maior de curados da Covid-19 do que de novos infectados. As duas nações somam cerca de 50 mil mortes provocadas pela doença.

Os italianos estão em quarentena até o dia 3 de maio, mas as medidas de confinamento vêm sendo relaxadas. Certos estabelecimentos já estão autorizados a funcionar em algumas regiões.

Na Espanha, o governo anunciou que a reabertura do país se dará de forma gradual a partir do dia 10 de maio. Na Alemanha, parte do comércio voltou a funcionar na segunda-feira.

Aqui no Brasil, o governo de São Paulo apresentou um plano para organizar a retomada da economia no Estado. A liberação vai acontecer conforme a disponibilidade de leitos hospitalares em cada região, entre outros fatores. A retomada será monitorada por um conselho formado por especialistas e será iniciada a partir do dia 11.

No Rio, o governador informou que a retomada deve ser iniciada somente quando cerca de 30% dos leitos fluminenses de tratamento intensivo estiverem vagos.