O otimismo com o desenvolvimento de vacinas anti-coronavírus se combinou nesta semana à expectativa de uma retomada da agenda de reformas no país, levando o Ibovespa a acumular alta 2,9% desde segunda-feira, acima dos ganhos no exterior.

Foi o terceiro avanço semanal consecutivo do principal índice de ações do Brasil, que fechou perto dos 103 mil pontos nesta sexta-feira, 17, depois que o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que enviará a primeira parte da proposta de reforma tributária do governo ao Congresso no dia 21.

Segundo o ministro, essa versão não terá o imposto sobre pagamentos eletrônicos, que deverá ficar para uma segunda etapa. A primeira parte da proposta irá propor a unificação de impostos federais e estaduais.

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Antes disso, também em Brasília, o presidente da República havia sancionado o novo marco legal do saneamento básico, que prevê a universalização dos serviços de água e esgoto no país até 2033. De acordo com Guedes, a nova lei deverá gerar até R$ 700 bilhões em investimentos nos próximos anos.

Segunda onda preocupa

As sinalizações positivas prevaleceram aqui sobre a postura mais cautelosa no exterior, em especial nos Estados Unidos, onde os investidores temem que uma nova rodada de fechamento dos negócios interrompa a recuperação que se desenhava.

O país reportou mais de 77 mil novos casos na quinta-feira, recorde diário desde o início da pandemia. Na Califórnia, maior economia do país, houve novo fechamento de estabelecimentos como bares e restaurantes devido aos avanços da Covid-19. Notícias como essas fizeram o Ibovespa perder os 100 mil pontos na terça-feira.

Outra frente negativa veio da China, onde o PIB em base anual cresceu 3,2% no segundo trimestre, contra o mesmo período do ano anterior. Embora o resultado tenha superado as expectativas, as vendas no varejo registraram a quinta queda seguida em junho, sinalizando que a demanda das famílias chinesas ainda não ganhou tração.

Pesou ainda sobre os negócios aqui o IBC-Br, uma aproximação do PIB em base mensal calculada pelo Banco Central. O índice subiu apenas 1,3% em maio, na comparação com abril, resultado bem inferior às expectativas.

Vacinas empolgam

Por outro lado, o avanço na pesquisa por vacinas contra o coronavírus injetou ânimo nos mercados ao longo da semana. A americana Pfizer e a alemã BioNTech anunciaram que duas de suas vacinas experimentais receberam status de fast track da agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos, o que acelera o processo de revisão da substância.

Se os atuais testes clínicos forem bem-sucedidos, elas afirmam que poderão produzir até cem milhões de doses já neste ano, e mais de um bilhão durante o ano que vem.

A Moderna, por sua vez, afirmou que sua vacina experimental foi bem tolerada e criou anticorpos neutralizantes em todos os participantes dos testes. E rumores de que os testes clínicos da vacina em desenvolvimento pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, uma das mais avançadas, foram positivos também ganharam o noticiário nesta semana, ajudando os preços.