Em sua última reunião de política monetária, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC) reduziu a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual, para 3,75% ao ano, conforme esperado pela nossa equipe de Macroeconomia e pelo consenso de mercado.

Apesar de indicar cautela com eventual deterioração das contas públicas, nossos especialistas entendem que, até a próxima reunião de política monetária, ficará mais claro que a piora da situação fiscal será apenas pontual, e não estrutural, como sugeriu o BC em comunicado.

Além disso, o time de Macroeconomia destaca que haverá forte deterioração da atividade econômica e das perspectivas de crescimento ao longo do ano, com concomitante redução das projeções de inflação também para 2021.

Nesse cenário, a leitura do nosso time de Macroeconomia é que o BC reconhecerá que existe espaço adicional para afrouxamento monetário, realizando novo corte da taxa Selic já na reunião de maio. Por ora, o time de Macroeconomia do Safra mantém a expectativa de que o corte seja de 0,25 ponto porcentual, mas não descarta uma redução ainda maior se os efeitos da crise se mostrarem mais fortes do que o esperado.

E, em função da deterioração significativa do cenário devido ao coronavírus, nossos economistas agora enxergam que a taxa de juros mais baixa, em 3,50%, será mantida ao longo de todo o ano de 2020 e de 2021, com a expectativa de início de um ciclo de normalização monetária apenas em 2022.

BC indica preocupação com fiscal

Apesar de reconhecer o impacto da pandemia do coronavírus, o BC mostrou preocupação com a deterioração permanente da política fiscal e advertiu que "relaxamentos monetários adicionais podem tornar-se contraproducentes se resultarem em aperto nas condições financeiras".

Assim, a autoridade monetária declarou que "neste momento vê como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar". No entanto, pontuou que "reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais para definir seus próximos passos".

 

Em relação às projeções de inflação, os números da autoridade monetária recuaram em relação à divulgação anterior, permanecendo ainda mais abaixo da meta estipulada para 2020, de 4,0%.

Tanto no cenário híbrido, que considera a taxa Selic divulgada no relatório Focus e o dólar constante a R$ 4,75, quanto no cenário-base (Selic e dólar constantes a 4,25% e R$ 4,75, respectivamente), as projeções de IPCA estão em 3,0% para 2020 e 3,6% para 2021.