Para discutir os impactos da crise do coronavírus sobre o setor de construção pela ótica tecnológica, o Banco Safra conversou nesta quarta-feira, 17, com Alexandre Frankel, CEO da Vitacon e da Housi, Bruno Balbinot, CEO da Ambar, e João Vianna, CEO da Loft. Confira abaixo:

Frankel apontou que, mesmo com a pandemia, as obras em suas empresas continuaram, mantendo os cronogramas e os empregos assegurados.Todavia, analisando os dados do setor como um todo, ele aponta que houve redução na captação de recursos, com queda de mais de 75% das vendas e adiamento da maior parte dos lançamentos.

Apesar do cenário geral não tão positivo, a Vitacon fez um lançamento mesmo depois da pandemia, tendo vendido em 50 dias 400 das 700 unidades disponíveis, resultado que Frankel considera bastante positivo. 

Já a Ambar, empresa de Balbinot, tem sua receita mais ligada às obras do que as vendas, ou seja, depende menos das transações e mais do ciclo operacional de construção.

Como as obras se mantiveram estáveis durante a pandemia, Balbinot contou que sua empresa sentiu um impacto em abril, período de reestruturação dos processos e pausa em alguns cronogramas, mas que no mês de maio já tiveram resultados semelhantes a março e em junho estão tendo resultados ainda melhores.

Vianna, da Loft, contou que sua empresa já estava com um forte processo de digitalização mesmo antes da pandemia, o que facilitou a adaptação ao novo cenário, mantendo boa parte dos compradores e até realizando processos de venda de imóveis de maneira completamente digital, com clientes que nem visitaram presencialmente os empreendimentos. Na Loft houve impacto nas obras, visto que a empresa atua em prédios já construídos e com moradores, mas a retomada progressiva já começou. 

Para Frankel, um ponto que diferencia essa crise de outras é o acesso aos dados, que permitem aos empresários entender como as pessoas moram e quais são suas demandas, possibilitando assim que se orientem de maneira mais efetiva, baseada nos dados e não em intuição, como ocorria antigamente. 

Mudanças

Frankel acredita que mudanças importantes irão ocorrer, mas que não serão tão expressivas quanto alguns pensam. “As pessoas precisam morar, os imóveis precisam continuar sendo produzidos. O que precisamos é entender quem vai ser o proprietário, como vai ser provida aquela moradia e como ela vai ser consumida”, define. A Vitacon já está adaptando seus empreendimentos em fase de construção para as novas demandas que irão surgir. Em um dos prédios, por exemplo, a academia, que antes era um espaço aberto, foi convertida a 10 estúdios individuais.

A Ambar, empresa de Balbinot, preferiu cortar custos e se preparar para ficar até 6 meses sem receita. Essa preparação garantiu que a startup se mantivesse lucrativa.

Recuperação

Os três convidados acreditam que a retomada já começou, que o cenário para o restante do ano é promissor e que o setor é bastante resistente às crises. Outro ponto levantado por eles é a queda da Selic, que influencia positivamente o mercado em vários aspectos.