Convidamos Roberto Kalil, diretor de cardiologia do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Coração (InCor) para uma conversa nesta quarta-feira, 29, sobre a evolução do coronavírus no Brasil.

Entre os assuntos abordados, o médico ressaltou que é importante haver uma maior valorização do SUS, tanto pela população quanto pelos governantes. Kalil defende que o Sistema Unico de Saúde está sendo crucial para o enfrentamento da pandemia e espera que, após a crise, ocorra maior distribuição de recursos e valorização da saúde pública brasileira.

Kalil acredita que, nas próximas semanas ou meses, um medicamento que combata diretamente o vírus deve ser posto no mercado. Ele também prevê que uma vacina deve ficar pronta ainda no segundo semestre de 2020.

Fim do isolamento social

Segundo o médico, as avaliações estatísticas demonstram que ainda não atingimos o pico da pandemia no Estado de São Paulo, mas que isso pode ocorrer na próxima semana. Kalil explica que o fim do isolamento social está relacionado a queda ou estabilização da curva de infectados e que o governador João Dória irá basear a decisão de flexibilizar o isolamento social ou adiar seu fim a partir dessa informação.

Kalil explica que, por enquanto, não existe um remédio específico para a doença. Portanto, os profissionais da saúde estão utilizando uma gama de medicamentos já existentes no mercado, que apresentaram efetividade em estudos experimentais.

As UTIs brasileiras estão tendo bons resultados com o uso desses medicamentos, tendo reduzido a mortalidade e o tempo de internação dos pacientes, segundo o médico. Porém, ele ressalta a importância de apenas utilizar esses medicamentos sob prescrição médica, visto que existem efeitos colaterais. 

Quando ir ao hospital

O médico alerta para a importância de, mesmo em isolamento social, seguir com os tratamentos médicos de doenças já preexistentes e procurar o hospital caso não esteja se sentindo bem. Kalil relata que houve aumento de falecimentos em casa em todo o mundo, causados pelo medo que as pessoas têm de ir ao hospital e contrair o coronavírus.

Segundo o médico, o risco que o paciente enfrenta ao pausar o tratamento de doenças sérias, como o câncer e cardiopatias graves, é muito maior que de contrair o coronavírus.

Pós-crise

Kalil define a pandemia como uma situação terrível e inesperada. Por isso, acredita que a população sentirá como se tivesse enfrentado uma guerra.

No ponto de vista político e social, Kalil aponta: “Após a pandemia, quem vai sair fortalecido é o SUS”. O médico define o SUS como um sistema brilhante, único no mundo, que só precisa de mais recursos para aumentar sua efetividade. Para ele, a população e o governo estão tendo a chance de ver a importância do SUS e o ótimo trabalho que está sendo feito na linha de frente.

Kalil também acredita que hábitos de higiene serão mais fortemente adotados, bem como o uso de máscaras sempre que gripado ou doente. O médico também relatou sua experiência como paciente do coronavírus, as estratégias abordadas por países europeus, entre outros assuntos. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo: