As medidas anunciadas por governos para conter a propagação do coronavírus têm causado impactos relevantes em setores da economia, como no varejo, como já foi observado em dados recentes da China.

No entanto, números divulgados pelo IBGE nesta manhã sugerem que o varejo brasileiro já apresentava desempenho fraco antes mesmo do choque ocasionado pelo coronavírus na economia. 

O  comércio  varejista  exibiu  contração  de  1,0%  entre  dezembro  e janeiro. Essa leitura é no conceito  restrito, ou seja, exclui as vendas  de  veículos  e  materiais  de  construção. A retração foi bem  maior  que  aquela  prevista  pela nossa equipe de Macroeconomia  e  pelo consenso do mercado (-0,2%  e -0,6%,  respectivamente). 

Quando consideramos o conceito ampliado, houve crescimento inesperado de 0,6% no  período, ante projeção do nosso time de Macroeconomia por uma queda de 0,2%, e um consenso de mercado por recuo de 0,5%. Para o nosso time de Macroeconomia, no entanto, esse resultado basicamente refletiu um avanço surpreendente das vendas de veículos (+8,5%), mais do que devolvendo a queda de 6,4% acumulada nos dois meses anteriores. 

Com exceção das vendas de veículos, nossa equipe destaca que todos os demais segmentos tiveram desempenho ruim, reforçando a visão de que a economia já estava mais fraca no início do ano, mesmo antes do choque de coronavírus. 

Esse  resultado, contudo,  não  altera  a  atual projeção do time de Macroeconomia, de  contração  de 0,2% do PIB no primeiro trimestre, considerando a variação trimestral com ajuste sazonal. Para o ano, a estimativa de PIB está atualmente em contração de 0,3%, com claro viés negativo.