Reflexo da recuperação do mercado imobiliário que estava em curso no país, o índice da B3 que mede o desempenho das ações ligadas ao setor disparou 70% em 2019. O ciclo de alta, contudo, foi interrompido pela pandemia de coronavírus. Apesar disso, o executivo de uma das principais incorporadoras do Brasil está otimista com as operações no segundo semestre de 2020.

Em conversa com o Banco Safra transmitida em tempo real nesta terça-feira,07, o diretor financeiro da Eztec, Emílio Fugazza, avaliou que a incorporadora deverá atingir o patamar de vendas pré-crise já entre setembro e outubro deste ano, ponderando que instabilidades políticas poderão atrasar esse resultado.

Caso não haja outros choques externos, a volta da normalidade deverá durar até as próximas eleições presidenciais, prevê o executivo. Fugazza afirma que esse período é suficiente para a Eztec conseguir dar resultados importantes para os acionistas e fazer bons negócios, como a compra de novos terrenos, que vão se tornar parte do portfólio de R$ 8,5 bilhões da companhia.

Estresse em março e abril

Fugazza relata que, antes da crise, a Eztec vendia cerca de R$40 milhões por semana. Já nos meses de março e abril, as vendas despencaram para R$4 milhões. Em maio a melhora começou e, no fim de junho, os resultados já estavam na casa de R$30 milhões.

Durante a pandemia, em que os lançamentos foram proibidos pelo governo, essa frente de negócios ficou bastante comprometida. Fugazza destaca que transformar um terreno que está no estoque da companhia em um empreendimento, que dará lucro através das vendas de unidades, é muito importante para o balanço contábil. “O problema de não ter lançamentos é que não se está gerando receita futura para a companhia. Queremos voltar a lançar para garantir o amanhã”, explica. Apesar disso, o período é promissor, diz.

“Temos que torcer para que o nosso ministro da Economia consiga fazer as reformas estruturais, como a tributária e administrativa. Essas reformas vão assegurar que teremos uma taxa de juros baixa por muito tempo, e isso assegura esse movimento atual do mercado imobiliário”.

Sobre a volta das vendas, o diretor financeiro explica que ao passar mais tempo em casa, as pessoas perceberam pontos que as desagradavam em seus imóveis. Além disso, contam a favor a manutenção do emprego no serviço público e em alguns setores privados, garantindo a renda de uma parte da população, e as baixas taxas de juros.

Principais desafios

Para Fugazza, o primeiro desafio colocado pela pandemia foi psicológico. “A impressão era de que todo mundo ia perder renda, todo mundo ia perder seus negócios, não teria mais ninguém comprando imóveis. Hoje, a gente percebe que há segmentos que perderam, outros ganharam, uma parcela manteve sua renda e empregos”, conta Fugazza.

O diretor relata que outro desafio foi lidar com os compradores de apartamentos que buscavam renegociações. A estratégia adotada foi lidar “CPF por CPF”. Essa iniciativa foi bem-sucedida, garantindo que o impacto das renegociações no caixa da empresa não fosse tão significativo.

Digitalização

Recentemente, a Eztec fez seus primeiros lançamentos virtuais e Fugazza conta que as vendas foram maiores do que o esperado. Nos setores voltados para baixa renda, como o Minha Casa Minha Vida, a empresa espera que as vendas virtuais não sejam tão significativas, já que, para esses consumidores, a compra do imóvel representa uma dívida de 30 anos, e conhecer presencialmente o imóvel é parte desse processo de compra.

Para alta renda, Fugazza acredita que provavelmente não haverá mais plantão de vendas presenciais e apartamentos decorados para a visitação, já que a experiência digital deverá ser suficiente. Confira abaixo a conversa completa: