O Banco Central divulgou o resultado primário do setor público consolidado referente a julho. O déficit foi de R$ 86,9 bilhões, melhor que a projeção da equipe de Macroeconomia do Safra(-R$ 89,8 bilhões).

O resultado foi pressionado pelo déficit de R$ 88,1 bilhões do governo central, composto pelo Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência. Esse saldo negativo foi bastante influenciado pelos diferimentos de impostos, assim como compensações de crédito tributário, decorrentes da pandemia.

Por outro lado, houve superávits de R$ 6,3 bilhões nos governos regionais e R$ 790 milhões nas empresas estatais. Em 12 meses, o déficit primário do setor público consolidado avançou, passando de R$ 458,8 bilhões em junho para R$ 537,1 bilhões em julho, ou de 6,38% para 7,48% do PIB.

Já a dívida bruta alcançou R$ 6,2 trilhões em julho, equivalente a 86,5% do PIB, aumento de um ponto porcentual em relação ao mês anterior.

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Depois de forte revisão para incorporar o impacto da pandemia tanto do lado da arrecadação como das despesas, o cenário-base do Banco Safra para o resultado primário do setor público consolidado em 2020 prevê agora déficit ao redor de R$ 878,1 bilhões (ou 12,6% do PIB). Quanto à dívida, nossa equipe de Macroeconomia espera forte avanço em 2020, para 94,6% do PIB.

Nossos especialistas destacam a manifestação do governo em relação à extensão do auxilio emergencial até o fim do ano, porém em valor menor (de R$ 600 para R$ 300), o que representa gasto adicional de R$ 100 bilhões em 2021, em parte neutralizado pelo maior empoçamento de gastos no ano (até julho acumula R$ 34 bilhões).

Apesar de ainda circunscrita a este ano, essa medida gera preocupações também sobre 2021, levantando questionamentos quanto ao cumprimento ou não do teto de gastos dado que parte do Executivo e Legislativo fazem pressão para elevação de gastos sociais e investimentos no próximo ano.

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Fonte: Banco Central do Brasil

Gestão da dívida

Na sexta-feira, o Tesouro publicou a revisão do Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2020 para ajustar o gerenciamento da dívida pública ao crescimento da necessidade de financiamento do governo e ao cenário de maior aversão ao risco que tem levado à preferência por liquidez por parte dos investidores e ao encurtamento da dívida pública.

Para mitigar o risco de financiamento de curto prazo, o Banco Central transferiu R$ 350 bilhões ao Tesouro para aumentar seu colchão de liquidez. O Tesouro não enfrenta problemas de solvência, avalia nosso time, mas essa situação ilustra a dificuldade de se continuar aumentando o gasto público e a necessidade de ajuste fiscal de longo prazo.