Com a indefinição sobre qual partido terá a maioria no Senado, as eleições americanas continuam a ser destaque no cenário internacional. A equipe de Macroeconomia do Safra lembra que 50 senadores republicanos já foram eleitos, bem como 46 democratas e 2 independentes (que em geral votam com os democratas).

As duas vagas restantes são da Geórgia, cujas regras eleitorais ordenam a realização de um segundo turno caso um candidato não atinja mais de 50% dos votos, como aconteceu.

Nossos especialistas explicam que essa eleição é particularmente importante, porque, caso o partido democrata ganhe as duas cadeiras, o Senado passaria a ficar dividido, mas o voto de minerva nos casos de empate seria da vice-presidente eleita, Kamala Harris, dando vantagem ao governo.

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A votação na Geórgia irá ocorrer em 5 de janeiro de 2021, e as pesquisas eleitorais indicam ligeira vantagem para a reeleição dos republicanos. O partido tem procurado motivar seus eleitores argumentando que o seu voto impedirá o controle do Senado pelos democratas.

Os democratas, por sua vez, têm investido em manter o entusiasmo e participação do seu eleitorado que permitiu a vitória de Biden no lugar que até recentemente era visto como uma fortaleza republicana.

Republicanos podem não obstruir Biden

O presidente eleito, Joe Biden, poderia encarar o mesmo desafio enfrentado pelo ex-presidente Barack Obama em seu segundo mandato, quando teve muita dificuldade em aprovar projetos.

Caso seu partido não ganhe as cadeiras na Geórgia, será preciso converter dois republicanos no Senado em votações importantes, sem contar eventuais defecções dos democratas.

Mas vale lembrar que há alguns senadores republicanos que ao longo de 2020 foram contra a maioria do partido em discussões-chave, e ainda há outros que se mostraram favoráveis a questões abordadas pelos democratas, como uma possível aprovação de mais um pacote de estímulos.

Desde já, Biden vem buscando soluções para conversar com os republicanos e angariar apoio. Na formação de sua equipe, é provável que Biden nomeie alguns republicanos para que haja convergência entre os partidos.

Assim, mesmo que os republicanos conquistem a maioria no Senado, Biden poderá manter certa autonomia fazendo uso de decretos (ainda que essa abordagem venha sendo contestada pela Suprema Corte) e de outros instrumentos do Executivo, por exemplo no campo regulatório.

Consequências do novo governo para o Brasil

Sobre a relação do governo Biden com o Brasil, o tema da sustentabilidade deve ser um foco de preocupação, uma vez que os Estados Unidos devem passar a fazer coro com governos europeus críticos à política ambiental brasileira.

No entanto, essa frente de tensão não deve chegar a comprometer as relações comerciais entre os dois países, prevê nosso time. Isso porque, em um contexto de disputa dos EUA com a China, o Brasil deve seguir sendo visto como um aliado estratégico dos americanos, por ser um dos maiores exportadores de commodities para o gigante asiático.

Nesse sentido, a perspectiva de uma abordagem menos hostil do governo dos EUA em relação ao comércio internacional já vem colaborando para impulsionar ativos de alguns países emergentes.