A atividade econômica perdeu fôlego em agosto. A produção industrial e as vendas no varejo recuaram em relação ao mês anterior, em linha com a nossa expectativa. Por outro lado, o setor de serviços apresentou alta, dando continuidade na troca do consumo de bens por serviços.

Assim, estimamos que o indicador de atividade do Banco Central, IBC-Br, retrairá 0,3% no mês. Esses indicadores corroboram nossas projeções de crescimento do PIB real de 2,6% em 2022 e 1,0% em 2023.

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A produção industrial recuou 0,6% em agosto em relação a julho, com ajuste sazonal. Dentre as categorias, a produção dos bens de capital se destacou ao crescer 5,2% em relação ao mês anterior.

Porém, esse crescimento foi contraposto pelas quedas dos bens intermediários e de consumo. De fato, durante o ano de 2022, a indústria acumula uma pequena queda de 0,5% e permanece 1,5% abaixo do nível pré-pandemia.

As vendas no varejo também recuaram em agosto. A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) apresentou queda de 0,1% em relação a julho, a terceira retração consecutiva do setor.

No conceito ampliado, que inclui as vendas de veículos e material de construção, as vendas caíram 0,6% no mês e acumula queda de 1,5% nesse ano, permanecendo 3,0% abaixo do período anterior da pandemia.

Importante destacar que a acomodação do consumo de bens tem ajudado na redução da pressão inflacionária nos produtos industrializados, especialmente em bens duráveis

O setor de serviços surpreendeu positivamente ao avançar 0,7% em agosto. Era esperado queda de 1,1% por nós e alta de 0,2% pelo mediana das expectativas da Bloomberg.

A variação interanual foi de 8,0%. A principal surpresa veio da categoria de serviços às empresas, que permaneceu estável no mês enquanto esperávamos queda de 2,0%. Além disso, os serviços às famílias avançaram 1,0% no mês, acumulando forte alta de 22,0% no ano.

O desempenho positivo do setor sustenta nossa estimativa de redução apenas gradual da inflação de serviços ao longo dos próximos trimestres.

Juntando esses indicadores, projetamos que o IBC-Br recuará 0,3% em agosto. Essa acomodação da atividade no segundo semestre já era esperada, diante dos efeitos defasados do ciclo de aumento da taxa Selic para 13,75% ao ano.

Apesar disso, o forte crescimento observado no primeiro semestre e a manutenção de impulso fiscal nessa parte do ano devem resultar em expansão do PIB real de 2,6% em 2022.

Olhando à frente, esperamos alta de 1,0% do PIB no ano que vem, com forte contribuição da safra de soja.