Small Caps é o termo utilizado para caracterizar as empresas de menor valor de mercado da Bolsa de Valores. Um grupo de companhias que possuem uma menor capitalização de mercado quando comparamos com a média das empresas negociadas na B3.

Além da capitalização, ou valor de mercado, essas empresas também poderiam ser classificadas pelo patamar de seu faturamento ou pelo seu volume de negociação no mercado.

Leia também:
Análise de empresas: Cinco conceitos para entender um balanço
Conheça aqui os serviços exclusivos da Safra Corretora

A B3 conta com um índice Small Caps e, para fazer parte do índice, os ativos precisam estar fora da lista dos que representam 85% do valor de mercado de todas as empresas listadas no mercado a vista da B3.

As Small Caps têm por característica um maior potencial de crescimento e, por consequência, de valorização. Por isso, o índice Small Caps ou, as companhias de pequena capitalização, negociam a múltiplos mais elevados, incorporando esse maior crescimento potencial em seus preços.

O índice Small Caps da B3 (SMLL) possui em sua composição uma maior exposição aos setores de Consumo (30%), Industrial (20%) e Construção (9,5%), ou seja, cerca de 59,5% de sua composição é altamente sensível à atividade econômica doméstica. Os setores de Siderurgia e Mineração, Petróleo e Gás e Serviços Financeiros, por exemplo, possuem apenas cerca de 19% de peso nesse índice.

Em uma comparação com o Índice Ibovespa, por exemplo, vemos que Serviços Financeiros (24%), Siderurgia e Mineração (21%) e Petróleo e Gás (15%), representam 60% do índice.

Tal diferença de composição explica a performance desses dois índices nos últimos 12 meses (-38,1% do Small Caps vs -21,9% do Ibovespa), que refletiu uma piora gradativa das perspectivas macroeconômicas brasileiras – enquanto vimos as commodities e os defensivos performando melhor que a média.

Está na hora de adicionar as Small Caps no portfólio?

O índice Small Caps hoje negocia a um múltiplo de P/L 2022e de 13,7x (média de 24,5x), isso representa um desconto de 44% para sua média histórica de 10 anos.

O desconto é similar ao desconto apresentado pelo Ibovespa, que está 46% abaixo da média histórica de 10 anos (5,8x P/L 2022e vs média de 11,15x), mas vale destacar que essa relação pode ficar mais favorável quando olhamos para o lucro estimado para 2023.

2022 foi um ano em que os lucros das empresas de crescimento e mais dedicadas ao mercado doméstico ficaram altamente pressionados por questões macroeconômicas.

Tendo em vista que no próximo ano teremos algum alívio, as empresas devem apresentar melhora considerável de resultados (que crescerão fortemente levando em consideração uma base de comparação mais fácil).

Nessa linha, quando fazemos a mesma análise de múltiplos considerando os lucros estimados para 2023, vemos um aumento expressivo do desconto das Small Caps, que mostram uma compressão importante de múltiplos (passando de 13,7x o P/L 2022e para 8,22x P/L 2023e).

Enquanto isso, o Ibovespa está negociando a um P/L 2023e de 6,0x (ligeiramente superior ao P/L 2022e, que está hoje em 5,81x), com o lucro estimado para 2023 impulsionado por um lado pela melhora de resultado das empresas mais focadas no mercado doméstico, mas por outro lado impactado pela normalização no preço das commodities.

Acreditamos que existe uma boa oportunidade de valorização olhando para os próximos 12 meses quando pensamos nas empresas Small Caps, pois: 1) negociam com valuation muito baixo; 2) devem apresentar uma boa melhora de resultados em 2023; 3) perspectiva macroeconômica recuperando gradativamente.

Dessa forma, para uma carteira diversificada acreditamos que vale começar a adicionar esses nomes. Acreditamos que o fim do ciclo de alta de juros e um arrefecimento da inflação (próximos de acontecer) poderiam levar a um movimento de alta expressiva desses ativos.

Como existem alguns riscos de curto prazo, como as eleições, incertezas relacionadas ao equilíbrio fiscal e aperto monetário pelos bancos centrais mundiais, sugerimos um movimento suave em direção a uma maior exposição às Small Caps.

Uma forma mais óbvia de se expor a esses ativos seria através do ETF SMAL11, que busca refletir a performance do Índice SMLL da B3. Mas para quem deseja fazer um stock picking, gostamos também de: Alupar, AES Brasil e Multiplan.

A Alupar é uma das empresas mais eficientes no setor de transmissão de energia e conta com um histórico muito sólido na operação e desenvolvimento de projetos. É uma boa proteção contra o cenário inflacionário, pois conta com receitas fixas e ajustadas por inflação. Preço-alvo de R$33,0/ação para final de 2022.

A AES Brasil, por sua vez, negocia com um valuation atrativo. A crise hidrológica ficou no passado e vemos um cenário melhor para a companhia considerando que as questões relacionadas a sua alavancagem já foram endereçadas em ofertas de ações nos últimos anos. A companhia é uma boa alternativa de dividendos, oferecendo um dividend yield médio de 5,9% para o período de 2022-2024. Preço-alvo de R$15,50/ação para final de 2022.

Enquanto isso, a Multiplan é um nome de alta qualidade dentro do segmento de shoppings. Adicionalmente, estamos confiantes com a boa perspectiva de resultados para os próximos trimestres, o que acreditamos dar suporte ao preço das ações. Preço-alvo de R$28,0/ação para final de 2022.