Em um cenário macro difícil com altas taxas de juros, Magazine Luiza (MGLU) foi o destaque do trimestre, registrando um aumento de 45% A/A no fluxo de caixa operacional principalmente devido à melhoria do capital de giro e maior rentabilidade.

Americanas e Via foram os destaques negativos com um trimestre de consumo de caixa: aumento da dívida líquida de R$2,1 bilhões no trimestre para AMER e R$1,3 bilhão para VIIA; e uma queda considerável no EBITDA: -22% AMER para AMER e -29% para VIIA. Por isso, reiteramos nossa preferência pelo MGLU, nossa Top Pick no universo de e-commerce, que continua apresentando melhorias de margens e geração de caixa. 

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A receita líquida atingiu R$ 8,8B, alta de 2,3% A/A (apenas 0,4% abaixo do Safra), devido a: i) 1P: +3,5% A/A, impulsionado pela consolidação da KaBuM que compensou a menor demanda por eletrodomésticos e eletroeletrônicos; ii) Lojas físicas: +1,4% A/A, resultado da abertura de lojas; e iii) 3P: +0,9% A/A.

A margem bruta cresceu 315bps (em linha vs. Safra) devido a uma maior penetração de serviços na receita (principalmente relacionada a 3P) e reajustes de preços.

A margem EBITDA foi de 6,0%, alta de 191bps A/A (em linha vs. Safra), uma vez que maiores despesas gerais e administrativas (devido à consolidação de empresas adquiridas e investimentos de esforços digitais) compensaram parcialmente os ganhos de margem bruta.

Assim, o EBITDA atingiu R$ 528M, 50% acima do 1T10 (em linha vs. Safra). O prejuízo líquido totalizou R$146M comparado a um lucro líquido de R$23M no 3T21 e nossa estimativa de prejuízo líquido de R$156M pressionado por maiores taxas de juros.

Por fim, mas não menos importante, destacamos o fluxo de caixa operacional de R$ 324M após Capex (comparado a R$ 222M no 3T21) como resultado da melhoria do capital de giro e maiores margens operacionais. AMER3: A queima de caixa continua sendo uma preocupação em um trimestre difícil.

A receita bruta caiu 15% A/A (-6% vs. Safra) impulsionada pelas menores vendas digitais (-32% A/A; -11% vs. Safra), principalmente pressionadas pelo canal 1P que tem maior exposição a eletrodomésticos e eletroeletrônicos, enquanto O GMV 3P permaneceu praticamente estável A/A (-3% vs Safra).

A operação física cresceu 12% (-1% vs Safra), impulsionada por empresas recentemente adquiridas (principalmente Hortifruti Natural da Terra).

A receita líquida totalizou R$ 5,4 bilhões (-13% A/A; -5% vs Safra). A melhoria do mix de vendas (maior participação da operação física) suportou uma melhora de 50bps na margem bruta, porém a menor escala levou a uma pressão nas despesas gerais, administrativas e com vendas (SG&A) resultando em uma queda de 112bps na margem EBITDA em 10,7% (-19bps vs Safra).

Consequentemente, o EBITDA atingiu R$ 582M, queda de 22% A/A (-6% vs Safra). Além do pior desempenho operacional, maiores despesas financeiras resultaram em um prejuízo líquido de R$ 212 milhões comparado a um lucro líquido de R$ 241 milhões no 3T21.

O outro destaque negativo do trimestre foi o aumento de R$ 2,1B da dívida líquida no trimestre para um total de R$ 8,3Bnos últimos 12 meses, uma vez que capex e capital de giro continuam consumindo caixa. VIIA3: trimestre difícil com margens pressionadas e maior endividamento líquido.

A Via registrou queda de 4% na receita bruta (-5% vs Safra), impulsionada por uma queda de 16% nas vendas 1P como resultado da menor demanda por eletrodomésticos, que compensou o desempenho positivo da receita bruta 3P (+7% A/a ; take rate de 11% contrabalançando menor GMV) e do varejo físico (+4% A/A – beneficiado pela abertura de lojas e maior fluxo de clientes).

Portanto, a receita líquida totalizou R$ 7,0B, uma queda de 5% A/A e 6% abaixo das nossas estimativas.

A margem EBITDA caiu 233bps, e 132bps abaixo de nossas estimativas, como resultado da menor diluição das despesas relacionadas à queda de vendas e maior provisão para devedores duvidosos relacionada ao aumento da carteira de crédito.

Assim, o EBITDA atingiu R$ 475M (redução de 29% A/A; 21% abaixo do Safra), com margem EBITDA de 6,8%. A VIIA registrou um prejuízo líquido de R$ 135 milhões comparado a um lucro de R$ 101 milhões no 3T21 e nossa estimativa de prejuízo líquido de -R$ 150 milhões, uma vez que as despesas financeiras foram impactadas negativamente por taxas de juros mais altas além de margens operacionais piores.

Por fim, a empresa apresentou um aumento de R$ 1,3 bilhão em sua posição de dívida líquida no trimestre, principalmente relacionado a um consumo operacional de caixa de R$ 1,1 bilhão após capex (incluindo reclamações trabalhistas e créditos tributários).

A boa notícia é que a empresa continua monetizando créditos tributários que estão compensando o impacto negativo das ações trabalhistas.