A terceira temporada de balanços se aproxima e os investidores já se preparam para esmiuçar os números que as maiores companhias do país irão divulgar a partir da segunda metade de outubro.

Uma das maiores expectativas é sobre o desempenho dos bancos de julho a setembro. O Bradesco, por exemplo, apresentará em 28 de outubro o seu balanço do terceiro trimestre, enquanto o Itaú Unibanco fará o mesmo no dia 03 de novembro.

Isso porque as ações dos dois líderes do setor não vêm acompanhando o ritmo de ganhos registrado pelo Ibovespa desde abril, diante da cautela do mercado em relação ao tamanho da inadimplência provocada pela crise do coronavírus.

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Para o time de análise da Safra Corretora, o segmento bancário deve apresentar uma melhora relevante no trimestre encerrado no mês passado. No entanto, os lucros ainda devem vir fracos na comparação com o ano anterior, reflexo dos impactos da pandemia sobre a atividade econômica.

Os analistas Luis Azevedo e Silvio Dória observam que a recuperação da economia brasileira deve se traduzir em aceleração do volume de crédito para os segmentos de pessoas físicas e pequenas empresas. O movimento deve beneficiar também algumas receitas com serviços como cartões de crédito e investment banking.

Nossos especialistas esperam ainda que os níveis de inadimplência sigam sob controle, por conta dos esforços dos bancos em adiar e renegociar as amortizações de crédito.

Além disso, nossa equipe acredita que as provisões para perdas com empréstimos já tenham atingido um pico no segundo trimestre, apresentando desta vez reduções na margem.

Por outro lado, ainda não está claro quando será o pico dos índices de inadimplência. Para nossos analistas, ele provavelmente ocorrerá durante o primeiro semestre de 2021.

Nesse contexto, o retorno sobre o patrimônio líquido dos bancos deve começar a se recuperar. Azevedo e Dória avaliam que isso pode representar um gatilho de alta para as ações do segmento, que vêm sendo negociadas a um preço atrativo em relação aos fundamentos.

Destaque para Santander e Bradesco

Segundo nossos analistas, o Santander Brasil deve apresentar a maior recuperação de resultados no terceiro trimestre, com o lucro líquido gerencial crescendo 43% em relação ao segundo trimestre. Uma melhora significativa também é esperada para o Bradesco, com alta projetada de 20,9%.

O BTG deve continuar apresentando resultados robustos, devido a um trimestre muito forte no mercado de capitais, bem como na gestão de recursos e nos empréstimos corporativos.

Já o Itaú deve reportar uma boa redução nas provisões e nas despesas operacionais, além de aumentar receitas com serviços. Contudo, a margem financeira deve seguir pressionada pela menor participação das linhas de crédito rotativo.

Para o Banco do Brasil, os resultados também devem evoluir, com renda líquida com juros decente e menores provisões, mas os resultados devem ser menos voláteis do que seus pares. Portanto, a recuperação dos lucros trimestrais pode não ser tão forte, embora a queda anual deva ser mais suave.

Por fim, o Banco Pan deve apresentar bons resultados, com retorno sobre o patrimônio líquido ajustado de volta ao patamar de 20%.

Já para as ações não bancárias, nosso time espera números mistos, com destaque positivo no resultado operacional de B3 e Porto Seguro.

 
 

A B3 deve continuar a apresentar excelentes resultados, suportados por volumes muito fortes nos segmentos de ações listadas e derivativos, levando o seu lucro recorrente a crescer 28,2% na comparação interanual.

Já a Porto Seguro deve mostrar lucro líquido muito forte, 42,9% acima do registrado no terceiro trimestre de 2019, devido à redução de sinistros. BB Seguridade também deve reportar sólido aumento dos prêmios. Por fim, Cielo e IRB devem apresentar resultados fracos de lucro, mas com melhora em relação ao segundo trimestre.