O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa de juros em 2,0%, como era amplamente esperado pelo mercado. Sobre o comunicado divulgado na quarta-feira, 16, após a reunião, a equipe de Macroeconomia do Safra destaca que o comitê reforçou a sinalização de que concluiu o ciclo de afrouxamento, sem excluir a possibilidade de novo corte, caso haja surpresas baixistas no cenário de inflação.

Além disso, o Banco Central continuou a condicionar os próximos passos da política monetária à evolução do cenário fiscal. A manutenção da taxa foi decidida apesar de o comunicado assinalar uma ligeira queda da inflação nos cenários utilizados pelo Copom.

Saiba mais:
> Cenário mais positivo se desenha com recuo do coronavírus no país
> Confira nossa visão atualizada para a inflação em 2020 e 2021

Após analisar a divulgação, nosso time não alterou o cenário de estabilidade da taxa de juros em 2,0% ao longo de 2020 e 2021. Isso se a parte fiscal não derrapar de maneira significativa e se não for difícil a transição da economia após o fim dos atuais auxílios, bem como de outras medidas emergenciais tomadas ao longo de 2020.

Comunicado do Copom

O comitê voltou ressaltou que o setor de serviços segue deprimido, mostrando preocupação com o ritmo de recuperação "sobretudo para o período a partir do final deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais".

Essa menção foi considerada por alguns no mercado como uma leitura mais branda do BC em relação à atividade no país, o que geraria uma menor propensão a apertos monetários, mas sem sinalizar por enquanto a intenção de reduzir a Selic.

Por outro lado, a combinação dos cenários de inflação e do balanço de riscos assimétrico sugere que o Copom pretende manter por algum tempo o estímulo proporcionado pelo atual nível da Selic, mensagem reforçada pela menção à inflação em 2022.

No cenário híbrido, com câmbio constante e trajetória de Selic de acordo com a pesquisa Focus, a inflação projetada para 2021 foi reduzida de 3,0% para 2,9%, apesar da redução da Selic e do câmbio mais depreciado adotado no cenário. A inflação para 2022 também saiu de 3,4% para 3,3%, ligeiramente abaixo da meta de 3,5% para aquele ano.

Essa mensagem é consistente com o novo ferramental para condução da política monetária, a “prescrição futura” (forward guidance), conforme a declaração no comunicado de que "o Copom não pretende reduzir o grau de estímulo monetário, a menos que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estejam suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária, que atualmente inclui o ano-calendário de 2021 e, em grau menor, o de 2022."

Federal Reserve

Nos Estados Unidos, o comitê de política monetária do Fed manteve a taxa de juros inalterada no intervalo de 0,00% a 0,25%, conforme esperado pelo mercado. Em comunicado, o comitê reforçou que os juros permanecerão baixos por um longo período, ratificando a nova estratégia de perseguir uma média de inflação de 2,0%. Ou seja, será permitida uma inflação pouco acima da meta de 2,0% por algum tempo.