No início da pandemia, com a preocupação da população em relação a um eventual desabastecimento, houve estocagem de alimentos nos domicílios, chegando até a provocar escassez pontual de alguns itens. 

Em pouco tempo o abastecimento foi normalizado e as varejistas de alimentos precisaram preparar suas operações para o cenário de crise sanitária, com a diminuição de vezes que os clientes vão até os estabelecimentos, por exemplo, e a forte queda nas vendas de restaurantes, importantes clientes do setor de atacarejo.

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Nesta semana, os grupos líderes do varejo de alimentos, Carrefour e Grupo Pão de Açúcar, mostraram como foram seus resultados no segundo trimestre. Veja abaixo a análise dos especialistas da Safra Corretora.

Carrefour

O lucro líquido ajustado no 2T20 atingiu R$713 milhões, um aumento de 74,9% na comparação com o mesmo período de 2019. Os analistas Guilherme Assis e Felipe Reboredo, da Safra Corretora, avaliam em relatório que o Carrefour tem conseguido destaque no setor, principalmente por suas acertadas escolhas estratégicas.

Mesmo durante os piores momentos da crise do coronavírus, nossos analistas apontam que a empresa foi capaz de obter impressionantes ganhos em participação de mercado e, ao mesmo tempo, preservar sua margem bruta.

Assis e Reboredo explicam que a estratégia do Carrefour para enfrentar a crise está ancorada em três pilares. São eles: medidas de segurança para clientes e funcionários; consolidação do relacionamento com fornecedores e tornar os investimentos de marketing mais direcionados aos canais digitais, com uma estratégia de “preço baixo todo dia”, ao contrário da anterior, que focava as promoções nas quartas-feiras e nos sábados. 

No segundo trimestre de 2020 - pior momento da crise do coronavírus - os analistas da Safra Corretora explicam que o Carrefour se concentrou na segurança, em sua capacidade de prever rapidamente quais são as demandas dos clientes e evitar desabastecimentos e na nova estratégia de marketing, que favorece os canais digitais. Essa estratégia teve êxito e a companhia teve um ganho significativo de market share.

Durante a pandemia, a empresa também reduziu a base de produtos à venda em 60%, privilegiando suas marcas próprias e produtos essenciais, o total de promoções - de 36% para 20% - e a quantidade de alterações nos preços

O desempenho da frente de atacarejo do Carrefour - o Atacadão - também foi positivo. Além disso, parceria com empresas de delivery, como Rappi e Cornershop, importante aliada para o crescimento nesse período, deve ter fim no final do próximo trimestre, quando está prevista a inauguração da plataforma de delivery própria do Carrefour, avaliam Assis e Reboredo.

Grupo Pão de Açúcar

O GPA consolidado encerrou o 2T20 com lucro líquido dos acionistas controladores consolidado de R$ 333 milhões, uma queda de 20,3%. Já o lucro líquido das operações em continuidade ficou 4,2 vezes maior, totalizando R$ 274 milhões.

Os analistas da Safra Corretora apontam que, caso mantenha esse patamar nos próximos trimestres do ano, o GPA deve atingir o resultado previsto para o ano, de R$1 bilhão. À frente, eles avaliam que a consistência na execução será fundamental.

A tão esperada melhoria operacional na divisão de multivarejo do GPA, que inclui as bandeiras Pão de Açúcar e Extra, foi ofuscada pelos impressionantes resultados de seu principal concorrente, dizem nossos especialistas. A divisão vem se recuperando, impulsionada pela pandemia e a maior procura do setor de hipermercados. O Assaí, por sua vez, continua apresentando bons resultados.

As iniciativas digitais também estão presentes no GPA e já representam 5,6% do total das vendas de alimentos do grupo, resultado ainda mais expressivo na divisão Pão de Açúcar, onde já representa 15,3% do total. 

Enquanto o indicador de vendas em mesma loja do Carrefour cresceu 30%, o de GPA subiu 20,3%, resultado inferior mas ainda significativo, de acordo com nossos analistas.