A nova onda do coronavírus na Europa, as eleições nos Estados Unidos e o imbróglio envolvendo o teto de gastos no Brasil movimentaram o mercado em setembro, quando o principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, acumulou perdas de 4,8%.

Para entender mais sobre esses conflitos, como eles afetaram os investimentos e quais os destaques e mudanças na nossa Carteira Recomendada de Outubro, promovemos uma transmissão ao vivo com Cauê Pinheiro e Eduardo Marzbanian, estrategistas da Safra Corretora.

Selecionamos, abaixo, alguns destaques da conversa:

Setembro no negativo

Eduardo Marzbanian estrategista da Safra Corretora explicou os fatores externos e domésticos que afetaram os mercados em setembro. No cenário internacional, os maiores impactos foram o aumento de casos do coronavírus na Europa, a nova onda de tensões entre os Estados Unidos e a China e as eleições americanas, que ocorrem no início de novembro. 

Marzbanian explica que, apesar de o candidato democrata Joe Biden aparecer com alguma vantagem nas pesquisas, o cenário ainda é indefinido em alguns estados importantes, o que dificulta um prognóstico mais assertivo sobre o resultado da eleição. “O que deixa os mercados mais apreensivos é que um resultado próximo do empate poderia abrir uma brecha para um dos candidatos questionar judicialmente o resultado das eleições”, destaca.

No cenário doméstico, os problemas fiscais deram o tom do mercado, ainda de acordo com Marzbanian. No centro do imbróglio - que já dura algumas semanas - está a falta de acordo entre o desejo do governo de criar um novo programa de transferência de renda e a necessidade de cumprir as restrições orçamentárias. “Estamos falando (do aumento) da dívida pública. Essa possibilidade traz uma volatilidade pro mercado, que vai continuar enquanto o governo não equacionar o problema fiscal”, explica o especialista.

No câmbio, Marzbanian salientou a forte depreciação do real em relação ao dólar. Em setembro, o dólar comercial encerrou o mês cotado a R$ 5,64, contra R$ 5,47 em agosto. Essa depreciação ocorreu principalmente devido aos problemas no cenário doméstico.

Sobre os dados econômicos, um tópico destacado pelo especialista foi a confirmação dada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de que a contração do PIB no segundo trimestre foi a maior da história, com queda de 9,7%. Apesar disso, os indicadores recentes confirmaram a recuperação em alguns setores, como produção industrial e vendas no varejo. 

Assuntos no radar em outubro

Cauê Pinheiro - que também é estrategista da Safra Corretora - falou sobre o que nossos especialistas esperam para o mês de outubro.

Como Marzbanian explicou, a aproximação das eleições nos Estados Unidos vai continuar sendo um dos pontos de maior atenção. “À medida que vamos chegando mais perto das eleições, vemos também um aumento da volatilidade no mercado”, relata Pinheiro. 

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No cenário doméstico, a questão fiscal também deve continuar influenciando o Ibovespa e sendo um dos principais destaques. Além disso, Pinheiro explicou que provavelmente não veremos nenhuma reforma importante sendo aprovada até as nossas eleições municipais, uma vez que uma medida impopular poderia influenciar nos resultados.

Sobre a trajetória da economia, Pinheiro espera que em outubro veremos uma manutenção da recuperação, impulsionada pela maior abrangência das medidas de flexibilização do distanciamento social.

Outro ponto focal será a divulgação dos resultados dos balanços das empresas no terceiro trimestre, que começou nesta quinta-feira, 15 de outubro. A expectativa de Pinheiro e da Safra Corretora é a de que os resultados mostrem uma boa melhora em relação ao trimestre anterior.

Troca na carteira de ações

Em outubro, foi promovida uma mudança na carteira recomendada de ações do Safra: a retirada de Rumo Logística (RAIL3) e a inclusão de BB Seguridade (BBSE3). A inclusão deve-se ao caráter defensivo de algumas linhas de negócio da instituição, sólida consistência de resultados e ausência de grandes riscos regulatórios e de governança.

Nossos especialistas também destacaram que a empresa possui boas perspectivas de melhoras nos resultados com a retomada das venda de prêmios de seguros. “O setor de seguros tem amplo espaço para expansão e BB Seguridade deve capturar boa parte do crescimento potencial do setor”, destaca Pinheiro. Além disso, BB Seguridade deve ser um dos principais nomes em termos de dividendos no setor financeiro.

Menos Vale, mais CESP

Em seguida, o especialista explica que houve ligeira redução de exposição à Vale (VALE3), em um ponto percentual, para 3% da carteira, depois da forte performance do papel, que foi influenciada tanto pelo minério de ferro - que segue muito acima do previsto - quanto pelo câmbio depreciado e a volta do pagamento dos dividendos”, explica.

Esse ponto percentual retirado da Vale foi realocado em CESP (CESP6), que agora alcança 5% de participação na carteira. Nosso time acredita que a empresa possui uma boa perspectiva para os seus resultados no terceiro trimestre, uma vez que as geradoras têm demonstrado uma boa performance e sofrido pouco por conta da pandemia. “A empresa também vem de uma privatização e tem feito alguns ajustes, que vem se traduzindo a uma performance mais forte”, destaca Pinheiro.

Marzbanian relata que a empresa possui três usinas hidrelétricas e, recentemente, teve um prazo de concessão prolongado pra 2049, o que é uma boa notícia para a empresa e a possibilitou passar de uma companhia  concessionária de energia para o serviço público para uma companhia independente. A Cesp também foi mantida em nossa carteira recomendada devido à nossa estratégia de mitigação de riscos, em face à alta volatilidade do mercado no curto prazo.

Nossos especialistas também comentaram diversos outros ativos que compõem a carteira recomendada. Confira, abaixo, a live completa no YouTube: