Após três altas semanais consecutivas, o Ibovespa teve uma correção na semana passada, seguindo os índices de ações no exterior. Na sexta-feira, no entanto, as bolsas lá fora voltaram a subir, sinalizando uma possível melhora no humor dos investidores. Esse movimento não se repetiu por aqui, já que os negócios também refletiram as perdas internacionais de quinta-feira, quando a Bolsa paulista esteve fechada.

Nesta semana que se inicia, a atenção do mercado deverá se manter sobre comportamento das curvas de contaminações do coronavírus nas economias que reabriram. O temor de uma segunda onda foi um dos principais fatores que trouxeram cautela aos investidores na semana passada.

Nesse sentido, vamos acompanhar a reação ao fechamento, no sábado, do maior mercado de alimentos de Pequim, após cerca de 50 pessoas testarem positivo para o coronavírus na região. As atividades na capital chinesa vinham gradualmente voltando ao normal, mas as autoridades deixaram de seguir com os relaxamentos, diante dos novos casos. O plano para reabrir escolas primárias a partir de hoje, por exemplo, foi suspenso, segundo a agência de notícias do governo chinês.

Veja abaixo os comentários do nosso estrategista Jorge Sá:

Principais eventos da semana

Os negócios nesta semana também deverão ser influenciados pela divulgação de dados importantes. Amanhã, o IBGE mostra o resultado das vendas no varejo em abril. O time de Macroeconomia do Safra projeta nova queda na comparação mensal. Nossos especialistas acreditam que, depois de recuar 2,5%, o setor desta vez tenha sofrido uma retração de 9,1%. Isso na modalidade restrita, que não considera o comércio de automóveis e materiais de construção.

Já na quarta-feira, o Banco Central divulga sua decisão de política monetária. Assim como a maior parte do mercado, nossa equipe de Macro espera que a Selic seja reduzida em 0,75 ponto porcentual, de 3% para 2,25%. Hoje, nossos especialistas preveem que esse nível será mantido até meados de 2022.

Entretanto, com o alívio das condições financeiras, em especial a recente apreciação do real, as chances de redução da taxa abaixo desse nível aumentaram. Nossa equipe acredita que os dirigentes do BC poderão deixar a porta entreaberta para voltar a cortar a taxa de juros no segundo semestre, a depender da evolução do cenário.

Destaque também para a divulgação do IBC-Br na quinta-feira. O índice é uma aproximação do PIB calculada pelo Banco Central e trará uma estimativa para o tamanho da retração da economia brasileira em abril. Em março, mês que foi bem menos afetado pelas medidas de confinamento, o índice apontou baixa de 1,5%, na comparação interanual.

Agenda externa

A agenda no exterior também será relevante para o mercado durante esta semana. Na terça-feira, serão divulgados os desempenhos da indústria e do varejo nos Estados Unidos. A expectativa dos analistas é que os dois setores tenham registrado uma recuperação em maio.

Outro evento aguardado por lá é o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na quarta-feira. Na semana passada, uma visão cautelosa apresentada pelo banco central americano sobre a recuperação da economia foi um dos fatores que pressionaram os ativos.

E no dia seguinte, o Banco da Inglaterra decide se altera ou não sua taxa básica de juros, hoje em 0,10% ao ano. A autoridade monetária já sinalizou que uma eventual queda para território negativo não está descartada. Há expectativa também em relação a uma possível ampliação do programa de compra de ativos pelo banco. A medida seria uma forma de apoiar a economia do Reino Unido, que desabou 20,4% em abril na comparação com março.