A semana começou em um tom positivo semelhante à anterior. Impulsionados por notícias da reabertura das principais economias do mundo, os mercados conseguiram ampliar os ganhos. Por aqui, o Ibovespa, chegou a uma série de sete pregões consecutivos em alta, a mais longa em dois anos.

No entanto, ao longo da semana observamos um movimento de correção nos preços dos ativos, aprofundado com sinais de uma possível segunda onda de contaminação pelo coronavírus nos Estados Unidos.

No balanço da semana, o Ibovespa acumulou perdas de 1,97%, enquanto o dólar comercial avançou 0,96%. Apesar do desempenho negativo, o mercado brasileiro terminou com um desempenho melhor do que nos Estados Unidos, onde o índice S&P 500 caiu 4,8%. Relembre, abaixo, os principais fatos que marcaram a semana.

Perdas zeradas

A reabertura de economias ao redor do mundo teve continuidade nesta semana, com destaque para a cidade de Nova York, a mais afetada pela crise do coronavírus. Conforme apontou nosso estrategista Jorge Sá no Morning Call de segunda-feira, as reaberturas acontecem em um momento de grande liquidez nos mercados mundiais, com estímulos financeiros que já somam trilhões de dólares desde o início da crise. Ajudaram ainda as taxas de juros em níveis muito baixos em diversos países.

Outra notícia ajudou a impulsionar a sustentar o tom positivo foi o acordo entre os membros da Opep e países associados para estender o corte de produção até o fim de julho. A medida tem ajudado a sustentar os preços do petróleo.

Esse cenário permitiu a alguns índices de ações internacionais conquistar marcas importantes. O S&P 500, que reúne as maiores empresas americanas negociadas na Bolsa, chegou a zerar todas as perdas do ano durante o pregão de terça-feira. No mesmo dia, a Nasdaq foi além e alcançou pontuação recorde em sua série histórica.

Pausa nos ganhos

O tom de otimismo nos mercados começou a perder força na quarta-feira, quando os principais índices de ações no Brasil e no exterior registraram perdas. Esse movimento foi visto como natural após uma sequência de ganhos tão longa.

No entanto, na quinta-feira, quando a Bolsa brasileira estava fechada para negociações devido ao feriado de Corpus Christi, a Europa e os Estados Unidos registraram fortes perdas. O S&P 500 recuou 5,9% no dia. Outro índice relevante para o mercado americano de ações, o Dow Jones, encerrou o dia em queda de 6,9%. A mesma tendência foi observada na Europa, onde o índice Euro Stoxx 600 perdeu 4,1%.

Influenciaram o movimento discussões sobre uma segunda onda de contaminações nos Estados Unidos. Por lá, todos os Estados já adotaram alguma medida de flexibilização, mas alguns deles têm dado sinais de aumento nos novos casos.

Declarações do presidente do banco central americano, Jerome Powell, também foram recebidas com cautela. Em um tom mais pessimista do que os investidores aguardavam, ele alertou que ainda há um longo caminho a percorrer na recuperação ese mostrou reticente com o relatório de empregos divulgado recentemente, que havia sido um dos gatilhos para o movimento de alta nos mercados.

Ao retornar do feriado, no entanto, a Bolsa brasileira reagiu de modo menos negativo que o exterior. Na sexta-feira, o Ibovespa caiu 2%.

Coronavírus em São Paulo

Esta também foi uma importante semana no noticiário envolvendo o coronavírus na cidade de São Paulo. Ao longo da semana, uma série de atividades puderam começar a reabrir, como é o caso de comércio de rua e shoppings.

Também vale mencionar o anúncio feito pelo governador João Dória. Ele revelou uma parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac para testar e produzir uma vacina contra a doença. Ela já vem sendo testada em humanos, e agora irá iniciar sua fase 3 de testes, em que 9 mil brasileiros devem participar, já no próximo mês.

Caso a pesquisa seja bem-sucedida, a vacina será distribuída pelo SUS. A estimativa é que ela esteja disponível para a população até junho do próximo ano.

Há outras iniciativas nesse sentido, como a parceria entre a Unifesp e a Universidade de Oxford. Essa pesquisa também está em fase de testes em humanos no momento.

Lives Safra

Durante a semana, promovemos três lives. A primeira delas trouxe a visão do mercado imobiliário com Álvaro Coelho da Fonseca, presidente da companhia que leva seu nome. Entre outros temas, ele abordou tendências que o setor tem observado nos últimos tempos, como demandas por casas maiores e escritórios menores.

Também convidamos dois representantes da Safra Asset para falar sobre como os fundos de renda fixa e os fundos multimercados estão lidando com o momento atual e como eles adequaram suas posições durante a crise.

E encerramos a semana com especialistas da Safra Corretora trazendo o seu olhar sobre oportunidades de investimentos em ações dos setores de saúde e imóveis.

Decisão sobre juros

Vale mencionar também um relatório publicado pelo nosso time de Macroeconomia, que atualizou a projeção para o câmbio, passando de R$ 5,40 para R$ 5,20 no final do ano. Esse movimento, atrelado a outros fatores, reforça a tese de que há espaço para a taxa básica de juros da economia, a taxa Selic, ir abaixo dos 2,25% ao ano projetados atualmente.

O tema vai ganhar ainda mais relevância na próxima semana, já que, na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) vai se reunir para sua decisão de política monetária. Nosso time de Macroeconomia espera um corte de 0,75 ponto porcentual na taxa Selic, e irá aguardar o comunicado da decisão para decidir se haverá algum ajuste na projeção para as próximas reuniões.