Ontem, o Ibovespa acompanhou os ganhos nas principais bolsas do mundo e subiu 0,7%. O destaque do dia foi a firme alta do índice americano S&P 500, reflexo do otimismo dos investidores com a reabertura gradual dos Estados Unidos.

Com o início da volta às atividades ontem em Connecticut, todos os 50 Estados americanos já deram oficialmente partida a seus planos de retomada. O processo é cercado de cautela e acontece em etapas diferentes em cada região, para evitar que a Covid-19 volte a ficar fora de controle no país, que já registra um milhão e meio de casos.

Na California, maior economia do país, alguns estabelecimentos comerciais passaram a funcionar desde o início do mês em algumas regiões. Já em Nova York, Estado mais atingido pelo coronavírus nos Estados Unidos, a primeira fase da reabertura foi iniciada apenas na última sexta-feira.

Veja os comentários de nosso estrategista Jorge Sá abaixo:

Alta do petróleo

Os ganhos também vieram da recente recuperação do mercado de petróleo. O contrato para julho do barril de WTI, referência americana da commodity, teve alta de quase 5% na quarta-feira, após o segundo recuo seguido dos estoques no país surpreender os analistas. No principal centro de distribuição de petróleo dos Estados Unidos, houve retirada líquida de 5,6 milhões de barris, um recorde.

Na terça-feira, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, comentou a reação dos preços do petróleo, em meio à reabertura das maiores economias do mundo. Em conversa com o Safra, transmitida em tempo real, o executivo se mostrou cauteloso com o movimento, mencionando a possibilidade de novas ondas de contaminação barrarem a recuperação da demanda.

De todo modo, a recente alta no mercado de petróleo vem levando a Petrobras a reajustar os preços de seus produtos. A gasolina vendida pela estatal às distribuidoras está, a partir de hoje, 12% mais cara. É o terceiro aumento neste mês, que já acumula alta de quase 40%. Mesmo assim, o combustível ainda registra queda de 34% em 2020. Na semana passada, a companhia havia elevado o preço do diesel pelo primeira vez no ano.

Juros negativos no Reino Unidos

Ontem, o Reino Unido emitiu pela primeira um título com taxa de juros negativa. O leilão colocou no mercado um papel com vencimento de três anos em que o governo será remunerado para tomar dinheiro emprestado. Desse modo, o governo britânico se junta à Alemanha, Japão e diversos outros países que estão devolvendo aos investidores um valor nominal menor do que tomaram.

Isso não significa que a taxa básica de juros no Reino Unido está negativa. Na verdade, o Banco da Inglaterra reduziu em março a taxa a 0,1%, menor nível da história por lá. Mas isso pode acontecer em breve. Ontem, o presidente da autoridade monetária disse que não descarta que a taxa de referência entre eventualmente em território negativo, como maneira de combater os efeitos recessivos da pandemia.

Já no Brasil, a situação é diferente. Apesar dos recentes cortes na Selic, e da expectativa de pelo menos mais uma baixa, as taxas de juros emitidas em títulos do governo e em títulos bancários ainda apresentam uma rentabilidade atraente. Em nossas carteiras, seguimos recomendando prefixados, papéis que equilibram a volatilidade dos portfólios e ainda contam com possibilidade de ganho de capital.