O segundo trimestre apresentou a maior contração da atividade econômica na série histórica, que remonta a 1996. Dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira indicam queda de 9,7% do PIB no segundo trimestre, na comparação com o primeiro. Nosso time de Macroeconomia projetava retração de 8,7%.

A diferença sobre o número projetado decorre principalmente do setor de serviços, que também contraiu 9,7%. No entanto, segundo escreveu nossa equipe de Macroeconomia em relatório, “a composição da queda nos deixa mais confortáveis com o cenário de recuperação no terceiro trimestre”.

Isso porque as categorias que estão se recuperando mais rápido nos últimos meses surpreenderam positivamente, e as categorias que traziam mais preocupação, como “Outros serviços”, caíram menos que o esperado.

A indústria apresentou queda de 12,3% no período, o que, segundo nosso time de Macroeconomia, é explicado pela quase paralisação do setor em abril, embora em maio já tenham sido observadas altas expressivas.

A agropecuária foi o único setor a registrar crescimento quando se analisa o PIB pela ótica da oferta, com avanço de 0,4%.

Apesar da queda expressiva do PIB brasileiro no segundo trimestre, nosso time de Macroeconomia destaca que “os indicadores mais recentes de atividade econômica sugerem velocidade de recuperação bastante rápida, especialmente da indústria e do varejo, mas também, em menor grau, do setor de serviços”.

PIB pela ótica da demanda

Pela ótica da demanda, o consumo do governo foi a surpresa negativa, com contração de 8,8% no período, sinalizando que os gastos realizados no combate à pandemia não foram suficientes para compensar o recuo no consumo público em outros segmentos.

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O consumo das famílias e os investimentos também encerraram o segundo trimestre em queda, com retrações de 12,5% e de 15,4%, respectivamente. As importações perderam 13,2%, mas as exportações, impulsionadas principalmente pelo agronegócio brasileiro, avançaram 1,8%.

Crescimento no 3º trimestre

O auxílio emergencial, que já injetou mais de R$ 200 bilhões na economia, também tem apoiado a renda das famílias, sugerindo que a queda no consumo se traduz em aumento considerável da poupança “precaucionária”. “Assim, avaliamos que, por mais que parte desta poupança seja permanente, um percentual relevante deve virar consumo com o relaxamento das medidas de distanciamento social, gerando uma perspectiva positiva para atividade econômica no curto prazo”, avalia nosso time de Macroeconomia.

Ainda assim, nossos especialistas lembram que a situação do mercado de trabalho, que ainda esboça pouca reação, será peça-chave para avaliar a velocidade de crescimento da economia doméstica, conforme tratamos neste outro conteúdo.

Desta forma, a estimativa atual para o PIB do terceiro trimestre é de crescimento de 5,0%, mantendo projeção de contração de 5,5% do PIB em 2020.