O sentimento continua positivo no mercado brasileiro. Acumulando ganhos desde o final de março, a semana deu continuidade a esse movimento positivo, acumulando marcas importantes, com o Ibovespa zerando as perdas do ano e ainda conseguindo superar a barreira dos 120 mil pontos.

No acumulado da semana, com o sinal positivo em todos os dias, o Ibovespa subiu 2,93%, encerrando a sexta-feira aos 121.114 pontos. No ano de 2021, a alta acumulada agora é de 1,71%.

O bom humor dos investidores veio na esteira de boas notícias no ambiente internacional. Nos Estados Unidos, por exemplo, o principal índice de ações, o S&P 500, continuou renovando seus recordes de pontuação. Na semana, acumulou ganhos de 1,37%, chegando a uma alta de 11,43% no acumulado do ano.

Nesse ambiente, o dólar também seguiu em trajetória de queda. Ao longo destes últimos cinco dias, a moeda americana recuou 1,59% frente ao real, encerrando a semana cotada a R$ 5,58.

Entenda quais foram os principais assuntos que foram destaque na semana:

EUA em recuperação

À medida que a campanha de vacinação nos Estados Unidos ganha força, somada aos estímulos econômicos anunciados nos últimos meses, os números da economia começam a refletir um crescimento mais robusto.

Durante a semana, algumas sinalizações se destacaram. Entre elas, os novos pedidos de seguro desemprego atingiram o nível mais baixo desde março de 2020: 576 mil novos pedidos na última semana, número bem abaixo dos 700 mil projetados pelo consenso de mercado.

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As vendas no varejo também seguem numa trajetória positiva. Elas cresceram 9,8% em março sobre fevereiro, bem acima dos 5,1% projetados, e chama a atenção resultados positivos em categorias como restaurantes e vestuário, sugerindo que setores antes afetados pelas medidas de distanciamento social começam a se recuperar.

A semana também marcou o início da temporada de balanços do primeiro trimestre deste ano. O destaque inicial ficou por conta do setor de bancos, com nomes como JPMorgan e Goldman Sachs reportando números que surpreenderam o mercado positivamente.

Em paralelo, segue o debate entre inflação e juros nos Estados Unidos. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, tem reforçado que o banco central irá tolerar uma inflação acima da meta de 2% por algum tempo, sugerindo que os estímulos não serão retirados tão cedo.

Durante a semana, ele reforçou que o programa de compra de ativos em vigor, de US$ 120 bilhões, deve se encerrar muito antes de se considerar um aumento nos juros, que hoje estão no intervalo de 0% a 0,25% ao ano.

PIB da China

Já a China se tornou a primeira grande economia a divulgar o resultado do PIB no primeiro trimestre. As expectativas eram por um crescimento forte, em grande parte por conta de uma base de comparação mais fraca, dado que a pandemia atingiu a economia chinesa principalmente no primeiro trimestre de 2020.

As expectativas se concretizaram, com um crescimento de 18,3% no PIB, na comparação anual. Já na comparação com o quarto trimestre de 2020, o crescimento de 0,6% frustrou as projeções, que eram por uma alta de 1,4%.

Agora, seguem as dúvidas se a China conseguirá manter o forte ritmo de crescimento nos próximos trimestres. Medidas de restrição no crédito que estão sendo implementadas, por exemplo, podem trazer impactos nos números do segundo semestre, quando a economia chinesa deve crescer perto de 5% na comparação anual.

Para o ano, o governo chinês projeta crescimento de pelo menos 6%.

Expectativa por Orçamento

No Brasil, os investidores seguem atentos ao debate sobre o texto do Orçamento de 2021. A proposta foi aprovada pelo Congresso em março, mas ainda deve ser sancionada pelo governo.

O texto aprovado pelo Congresso foi criticado por cortar despesas obrigatórias e incluir uma série de emendas parlamentares, que podem invibializar a regra do teto de gastos. Assim, há a expectativa de que trechos sejam vetados.

Durante a semana, chegou a se levantar na imprensa a possibilidade de uma emenda constitucional que abrigaria gastos que poderiam ser deixados de fora das regras fiscais. Por isso, recebeu o nome de “PEC fura-teto”.

Havia a expectativa de que alguma decisão seria tomada nesta semana, mas o assunto segue em aberto. O governo tem até a próxima quinta-feira, 22 de abril, para sancionar ou vetar o texto aprovado pelo Congresso.

CPI da Covid

As atenções dos investidores locais também se dividem com a CPI da Covid. O plenário do Supremo Tribunal Federal, o STF, confirmou a decisão para instalar a investigação no Senado.

Assim, as atenções também se voltam para o cronograma dos trabalhos e para os membros da CPI. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, declarou nesta sexta-feira que a investigação deve ser iniciada na próxima quinta-feira.

Até o final da tarde desta sexta-feira, ainda não havia uma definição oficial sobre os nomes que irão atuar na presidência e na relatoria da CPI.

Projeções para 2022

Durante a semana, também conhecemos detalhes do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2022, a PLDO.

O texto enviado ao Congresso apresenta uma série de premissas e metas para os principais indicadores da economia no próximo ano. Entre eles:

  • PIB: Crescimento de 2,5%;
  • IPCA: Inflação de 3,5%;
  • Contas públicas: meta de déficit no resultado primário do governo central de R$ 170,5 bilhões;
  • Salário mínimo: Reajuste de R$ 1.100 para R$ 1.147 em 2022.

Fevereiro positivo

Durante a semana, dois indicadores econômicos se destacaram no Brasil: as vendas no varejo e o volume de serviços prestados, ambos em fevereiro.

As vendas no varejo restrito cresceram menos que o esperado (0,6%, diante da projeção de 1,5%,  na comparação com janeiro), mas no conceito ampliado, que inclui os segmentos de veículos e materiais de construção, o número surpreendeu: alta de 4,1%, contra expectativa de 2,1%.

No entanto, para março, com a retomada das medidas de distanciamento social, é esperada uma queda de 6,6% no varejo restrito e de 12,5% no varejo ampliado, na comparação mensal.

Já o setor de serviços surpreendeu com uma alta de 3,7% em fevereiro contra janeiro, diante de uma expectativa de crescimento de 2,6%.

Categorias mais resilientes à crise mostraram um desempenho melhor que o esperado, o que pode ser um sinal para uma queda menos intensa do que se imaginava nos números de março.

Eleições de 2022

A semana também foi de notícia relevante para as eleições de 2022. O plenário do STF confirmou a decisão do ministro Edson Facchin de anular as condenações do ex-presidente Lula no âmbito da Operação Lava Jato.

Assim, o plenário ratifica a decisão tomada por Facchin no início de março, e torna Lula apto a disputar a eleição presidencial de 2022.

Na semana que vem, o tema continua a repercutir. O STF irá avaliar se os processos contra o ex-presidente agora devem ser julgados na Justiça Federal em Brasília ou em São Paulo.

Troca na Petrobras

Ao longo da semana, também foi confirmada a troca no comando da Petrobras. O Conselho de Administração da estatal aprovou nesta sexta-feira a indicação do general Joaquim Silva e Luna para o cargo até então ocupado por Roberto Castello Branco.

Na mesma reunião, também foram eleitos os novos diretores da companhia, substituindo os nomes que deixaram a empresa junto com Castello Branco.