Os últimos dias foram movimentados no mercado brasileiro e internacional. Enquanto os investidores acompanhavam com receios os desdobramentos envolvendo os avanços e recuos do Renda Cidadã, na cena externa as atenções se voltaram para o coronavírus, eleições americanas e possíveis estímulos.

Em meio a esse cenário, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, o Ibovespa, descolou-se do exterior e encerrou a semana com uma queda acumulada de 2,97%, aos 94.016 pontos. Já o dólar comercial apresentou alta de 2,02% na semana, encerrando a sexta-feira cotado a R$ 5,67.

No exterior, o principal índice de ações americanas, o S&P 500, marcou ganhos acumulados de 1,51% na semana. Já na Europa, o Stoxx Europe 600 encerrou com alta acumulada de 2,02% no período.

Selecionamos, abaixo, alguns dos principais acontecimentos desta semana:

Renda Cidadã

No Brasil, o principal debate da semana esteve centrado no Renda Cidadã. Logo na segunda-feira o governo apresentou sua proposta para o programa, que é uma evolução do Renda Brasil e tem como objetivo substituir o Bolsa Família.

A repercussão se concentrou no modo como o benefício seria financiado: por meio de recursos do Fundeb e de precatórios. A medida foi vista como uma tentativa de contornar os limites orçamentários impostos pelo teto de gastos, aumentando o risco fiscal. Também na segunda-feira, contribuiu para o mau humor no mercado a falta de progresso nas conversas sobre a reforma tributária e da nova CPMF.

Os desdobramentos quanto ao Renda Cidadã continuam, e na imprensa já se fala em adiar o programa para depois das eleições municipais de novembro.

Desafio fiscal

Contribuindo para o debate dos desafios fiscais, novos números oferecem uma visão mais detalhada sobre o tema. Na quarta-feira, o Banco Central revelou um déficit primário de R$ 87,6 bilhões nas contas do setor público consolidado em agosto. Com isso, o acumulado no ano avança para um déficit de R$ 571,3 bilhões, e a dívida bruta avançou para 88,8% do PIB.

Segundo nosso time de Macroeconomia, o déficit veio dentro do esperado e ilustra as dificuldades do momento atual. As discussões no mercado, agora, já se concentram nas contas públicas do próximo ano, que permanecem com incertezas no cenário.

Mercado de trabalho

Já no mercado de trabalho, uma notícia positiva. O Caged surpreendeu ao mostrar a criação líquida de 249 mil postos de trabalho formais em agosto, superando até mesmo as estimativas mais otimistas do mercado.

Nosso time de Macroeconomia avalia que os programas de preservação de renda e de emprego foram bem-sucedidos em evitar a deterioração do mercado de trabalho, e que agora ficam as incertezas sobre qual será o impacto após o fim dos programas.

Saiba mais:
> Bolsa encerra trimestre volátil, mas segue para o fim do ano com expectativa de alta
> Carteira Recomendada: Onde investir na Bolsa em outubro
> O que é um fundo quantitativo, explicado pela equipe de gestão do Maxwell

Ainda assim, os números divulgados revelam uma perspectiva positiva para os próximos meses. Comércio e serviços têm mostrado recuperação na pesquisa do Caged, enquanto os serviços de alimentação e alojamento seguem como as categorias que mais fecham vagas.

Um dia antes, o IBGE também havia revelado a PNAD Contínua. A pesquisa mostrou dados de desemprego para o trimestre encerrado em julho, com elevação para 13,8%, conforme esperado. Nosso time de Macroeconomia projeta que, com as medidas de flexibilização do distanciamento social, as próximas leituras devem mostrar melhora.

Eleições americanas

No cenário internacional, o destaque ficou por conta da campanha presidencial nos Estados Unidos. O republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden protagonizaram o primeiro debate presidencial, mas a imprensa americana não conseguiu identificar um vencedor claro do evento.

Nas pesquisas eleitorais, Biden segue aparecendo à frente de Trump. As eleições se encerram em 3 de novembro.

Já nesta sexta-feira, Donald Trump foi testado positivo para o exame de Covid-19, com sintomas leves, segundo publicou o próprio governo americano. O diagnóstico deve trazer reflexos na campanha presidencial, que se intensifica nas próximas semanas. 

Estímulos de volta ao radar

O pacote de estímulos à economia americana voltou ao radar nesta semana. O assunto segue em um impasse entre republicanos e democratas há meses, uma vez que os dois lados não conseguiram chegar a um acordo sobre o valor total do pacote.  

O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, declarou no início da semana que haveria mais uma tentativa de acordo.

Os democratas chegaram a aprovar nesta semana um pacote de US$ 2,2 trilhões na Câmara, mas a imprensa americana enxerga baixa probabilidade de o plano seguir no Senado, de maioria republicana, que tem defendido um valor próximo a US$ 1 trilhão. As negociações entre os dois lados permanecem.

Fechamento de trimestre

A semana encerrou o mês de setembro e o terceiro trimestre. Para o mercado de ações, o trimestre representou uma interrupção no forte movimento de alta que havia sido observado no segundo trimestre.

Em um período marcado por volatilidade e crescimento das incertezas em relação a uma segunda onda de contaminações na Europa e nos EUA, bem como dos riscos fiscais no Brasil, o Ibovespa acumulou queda de 0,48% no terceiro trimestre. Os especialistas da nossa Corretora, no entanto, reforçam a perspectiva positiva para o final do ano, com a projeção do Ibovespa em 112.000 pontos — você pode ler mais sobre esse assunto aqui.

Setembro também trouxe um fato incomum na renda fixa: os títulos públicos atrelados ao Tesouro Selic, aplicação costumeiramente indicada para a reserva de emergência, apresentaram oscilação negativa. Ainda que não tenha sido observada uma perda expressiva, os investidores de renda fixa não estão acostumados a movimentos negativos. Comentamos sobre este assunto aqui.

Onde investir na Bolsa

Todos os meses divulgamos as carteiras recomendadas elaboradas pela Safra Corretora. Os materiais apresentam a visão de nossos especialistas sobre como montar portfólios equilibrados e adequados para cada momento do mercado.

Veja mais informações na carteira recomendada de ações e na carteira recomendada de dividendos.