Quem olhar apenas o resultado final dos mercados financeiros na semana pode deixar escapar o movimento de forte volatilidade que observamos em alguns dias. O principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, subiu 4,70% no acumulado da semana, aos 115.202 pontos. E o dólar marcou desvalorização de 1,38%, encerrando a sexta-feira cotado a R$ 5,68.

Mas, no meio do caminho, o Ibovespa experimentou os 107 mil pontos. O fato aconteceu na quarta-feira, quando o índice chegou a cair mais de 3,5% durante o pregão. Mas, na sequência, em poucos minutos, foi registrado um salto de mais de 5 mil pontos, levando o índice de volta para o positivo. No mesmo dia, o dólar chegou a ultrapassar a barreira dos R$ 5,70.

No centro do debate, estava o compromisso fiscal com o teto de gastos. Relembre o que aconteceu de mais importante para os mercados financeiros nos últimos dias.

Lockdown e vacinas

Desde o final de semana, relatos de ocupações de UTI cada vez mais elevados acenderam um sinal de alerta em muitos estados do país. Medidas mais duras de distanciamento social foram anunciadas, com destaque para o estado de São Paulo, que entra na fase vermelha a partir deste sábado, 6 de março.

Durante este período, atividades consideradas como não essenciais devem fechar, como bares, restaurantes, academias e comércio. A medida permanece em vigor por duas semanas.

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Por outro lado, o noticiário sobre as vacinas ganhou novos capítulos. Na quarta-feira, o governo anunciou a negociação com a Pfizer e a Janssen para compra de novos imunizantes no Brasil.

A previsão é que sejam entregues 100 milhões de doses da Pfizer entre maio e dezembro, e mais 38 milhões de doses da Janssen de julho a dezembro. Esta última é uma vacina de dose única, mas ainda não tem o uso aprovado no Brasil. Está prevista uma reunião no dia 16 de março para a entrada do pedido de autorização para uso emergencial.

Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde também confirmou que está negociando a compra de 13 milhões de doses da farmacêutica Moderna, com previsão de chegada dos imunizantes a partir de julho.

A volta do auxílio emergencial

Enquanto os números da pandemia continuam evidenciando as dificuldades no controle da Covid-19, cresce a expectativa sobre o retorno do auxílio emergencial.

O benefício está atrelado à aprovação da PEC emergencial, que prevê gatilhos para o controle das contas públicas. O Senado aprovou o texto da PEC emergencial na quarta-feira, mas ruídos neste dia provocaram grandes oscilações no mercado.

Havia a informação de que os desembolsos do Bolsa Família seriam deixados de fora do teto de gastos, o que poderia comprometer a situação fiscal, já debilitada. Arthur Lira, presidente da Câmara, negou essa possibilidade na tarde de quarta-feira, gerando rápido alívio nos mercados.  

Agora, as atenções se voltam para a tramitação da PEC emergencial na Câmara, prevista para a próxima quarta-feira, caso haja acordo entre os parlamentares.

Uma vez aprovada a PEC emergencial, o governo ainda irá editar uma medida provisória para o pagamento do auxílio emergencial.

PIB 2020

O IBGE divulgou a leitura final do PIB para 2020. O recuo de 4,1% no ano foi a maior queda desde 1990, mas ainda assim o resultado do quarto trimestre foi melhor que o projetado pelo mercado.

Nos três últimos meses do ano, o PIB avançou 3,2% sobre o terceiro trimestre, em linha com nossa projeção, mas acima dos 2,8% previstos pelo consenso de mercado.

Mas as atenções estão voltadas para os números da economia neste ano de 2021. Nesta sexta-feira, o IBGE revelou que a produção industrial de janeiro avançou 0,4% sobre dezembro, em linha com nossas estimativas.

Dados de serviços, varejo e inflação entram em destaque nos próximos dias. Veja a agenda completa.

EUA: Mercado vs. Federal Reserve

Nos Estados Unidos, o principal debate econômico do momento é a alta nas taxas dos Treasuries com prazo de 10 anos. Esse é o título do Tesouro americano, visto no mercado internacional como referência para ativos livres de risco. Por isso, oscilações nesta taxa promovem reflexos em ativos de mercados ao redor do mundo.

Esta taxa segue em elevação desde o início do ano. Os Treasuries encerraram 2020 abaixo do nível de 1%, e agora já se encontram acima de 1,5%.

Este aumento nas taxas reflete a expectativa do mercado de que haverá um processo inflacionário nos Estados Unidos, resultado da alta liquidez nos mercados em meio a uma recuperação da economia.

As autoridades do banco central americano, o Federal Reserve, no entanto, continuam sugerindo que a taxa básica de juros permanecerá nos níveis atuais por período prolongado. A próxima decisão do Fed sobre a política monetária está marcada para 17 de março, mesmo dia do Copom no Brasil.

Recuperação americana

Ponto importante na discussão sobre juros americanos é o comportamento da economia. O destaque ficou para a surpresa positiva do relatório de emprego, divulgado nesta sexta-feira. Este é um dos indicadores econômicos mais acompanhados pelo mercado nos Estados Unidos.

Também conhecido como payroll, o relatório mostrou a criação líquida de 379 mil postos de trabalho em fevereiro, número consideravelmente acima do esperado pelo consenso de mercado, que projetava algo próximo à metade do divulgado.

A taxa de desemprego recuou de 6,3% para 6,2%.

Imposto de renda

A semana também marcou o início da entrega das declarações do Imposto de Renda em 2021. Este é um momento importante de prestação de contas à Receita Federal sobre os rendimentos e movimentações financeiras.

Para os investidores, é importante se manter atento às regras de declaração específicas para cada produto. Para auxiliar nesta tarefa, preparamos um guia com as principais dicas para as classes de ativos mais conhecidas dos investidores.

Veja aqui como declarar seus investimentos no Imposto de Renda.